Pelo menos seis hospitais estão com as emergências para adultos superlotadas na manhã desta segunda-feira (30) em Porto Alegre, chegando ao quarto dia consecutivo de alta demanda na saúde da Capital. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o diretor adjunto de Atenção Hospitalar e Urgências da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre, Francisco Isaias, falou que a média de ocupação de leitos adultos era cerca de 170% nesta manhã.
De acordo com o painel de monitoramento da SMS, o Hospital de Clínicas, por exemplo, é o que apresenta a pior situação: 118 pacientes para 56 leitos, chegando a 210% de ocupação — 52 pessoas aguardam internação e 14 esperam leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Na Santa Casa de Misericórdia, são 37 pacientes para 24 leitos, sendo que 30 ainda aguardavam internação. No Hospital Nossa Senhora da Conceição, a emergência lotou no começo da manhã, com 64 pacientes para igual número de leitos. O Hospital da Restinga, no extremo-sul da Capital, atingiu 144% de lotação, com 26 pacientes para 18 leitos. No Hospital Vila Nova, são 31 atendimentos para 26 vagas.
No Hospital Moinhos de Vento, tanto a emergência adulto como a pediátrica estão com 100% de ocupação. Porém, a instituição destaca que tem capacidade de ampliar os leitos conforme o número de urgências que precisarem ser atendidos. Além disso, o hospital vai reabrir a tenda para atendimento de pacientes com sintomas respiratórios a partir de terça-feira (31). A previsão é que casos suspeitos de influenza ou covid-19 passem a ser atendidos na estrutura montada na área externa, com entrada pela rua Ramiro Barcelos. O espaço funcionará todos os dias da semana, das 8h às 17h, e os pacientes passarão por triagem para verificar se possuem os critérios para testagem. Já pacientes com outros problemas de saúde continuam atendidos normalmente na emergência.
Já nas unidades de pronto-atendimento da Capital, todas as quatro estão superlotadas. A pior situação é na Bom Jesus, que está operando com 342% de ocupação, com 24 pacientes para apenas sete leitos. Na unidade da Lomba do Pinheiro, o tempo de espera para o atendimento é de uma hora, com 22 pacientes para apenas nove leitos — 18 aguardam internação durante a amanhã.
Na Unidade de Pronto Atendimento Moacyr Scliar, na Zona Norte, 46 pacientes permaneciam em observação numa área que deveria ter apenas 17 leitos, nesta segunda-feira (30). Segundo a gerente da unidade, Jaqueline Cesar Rocha, a maior dificuldade é conseguir transferir pacientes que precisam de leito hospitalar.
— A demanda está bem alta de pacientes com sintomas respiratórios, com necessidade de internação. Muitos pacientes covid-19 positivo aguardando transferência para hospitais. Deste total de 46, na área covid temos 11 internados, neste momento. Alguns positivos aguardando leito há três ou quatro dias — relatou à reportagem.
Ainda segundo Isaias, na última sexta-feira (27) o tema foi debatido entre secretários municipais de saúde e governo do Estado. Um dos pontos de enfrentamento, segundo ele, é que casos de baixa e média complexidade de pacientes da Região Metropolitana sejam tratados em suas cidades de origem:
– O que se estabeleceu ali (na reunião) é que todos os pacientes da Região Metropolitana, que hoje são aproximadamente 50%, que apresentem casos de baixa e média complexidade, vamos referenciá-los para hospital de origem, ou seja, para hospitais de cidades como Cachoeirinha, Alvorada, entre outros.
Ele explica que o direcionamento para outros hospitais da Região Metropolitana é uma das medidas para aliviar a alta demanda em Porto Alegre, mas também não descarta a ampliação de leitos adultos:
– Também vamos trabalhar com a ampliação de leitos, trabalhar com todos hospitais para que possamos ampliar leitos de média complexidade, a exemplo do que fizemos com os 120 leitos da pediatria.
Alívio nas emergências pediátricas
Nas emergências pediátricas, a situação é mais tranquila se comparada com a demanda de adultos, mas a procura ainda é intensa na Capital. Se somados todos os hospitais que atendem crianças, a média de ocupação chegou a 108% na segunda-feira (30). O Hospital de Clínicas também apresenta a pior situação: com 30 crianças para apenas nove leitos, uma ocupação de 333%. Já no Hospital Vila Nova, são apenas quatro pacientes para dez leitos pediátricos. No Hospital Santo Antônio, da Santa Casa de Misericórdia, são oito crianças em atendimento e 11 vagas.
Nos pronto-atendimentos, que atendem exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), todos têm leitos pediátricos disponíveis na manhã desta segunda. Na Bom Jesus, apenas um dos cinco leitos está ocupado. Na Cruzeiro, dos nove leitos, apenas três estão ocupados. Na Lomba do Pinheiro, três das quatros vagas estão ocupadas.