A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não decidiu sobre o pedido para uso da CoronaVac em crianças de três a cinco anos, feito pelo Instituto Butantan em 11 de março. O passo mais recente rumo à decisão é a opinião de especialistas de fora da Anvisa, que será considerada na decisão, ainda sem data para ser definida. Desde o dia 14, a agência analisa a solicitação.
Até o momento, somente pessoas a partir de seis anos podem tomar a CoronaVac. Já a Pfizer está autorizada para aplicação a partir dos cinco anos.
Em nota enviada nesta quarta-feira (13) à reportagem de GZH, o órgão disse que "os dados ainda precisam ser aprimorados para orientar a decisão". De acordo com a Anvisa, um dos pontos de atenção na análise do uso da CoronaVac na faixa dos três aos cinco anos é a duração da proteção do imunizante contra a covid-19 e a quantidade de doses que precisariam ser utilizadas.
O órgão, que delibera sobre o uso de todas as vacinas no Brasil, solicitou a avaliação de especialistas externos no assunto. Foram consultadas entidades como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedades Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Infectologia.
Um parecer técnico foi assinado em conjunto pelas três entidades e enviado à Anvisa na segunda-feira (11), mas informações contidas no documento ainda não foram disponibilizadas. As equipes responsáveis pelas considerações também cumprem com um acordo de confidencialidade, e não adiantaram se são ou não favoráveis à aplicação no grupo em discussão.
Antes disso, no dia 8 de abril, a Sociedade Brasileira de Imunologia também emitiu suas considerações. Convidadas a opinar, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) ainda não enviaram seus pareceres.
A Anvisa analisa o pedido do Butantan desde 14 de março e diz que não há previsão para emitir uma decisão. "Estamos buscando novas informações e, se necessário, solicitaremos complementações ao Instituto Butantan. A Anvisa trata a questão com total prioridade e busca a proteção da saúde pública", informou ó órgão.
Público-alvo
Caso a CoronaVac seja autorizada para crianças de três a cinco anos, a projeção é de que pouco mais de 5,9 milhões de pessoas estejam aptas a se imunizar contra a covid-19 no Brasil e cerca de 420 mil no Rio Grande do Sul.
Aplicação de CoronaVac em crianças é discutida há quase um ano
O uso da CoronaVac em menores de idade começou a ser analisado pela Anvisa em julho de 2021. Na época, o pedido do Butantan era para aplicar o imunizante na faixa etária dos três aos 17 anos. Pouco depois, ainda em agosto, o órgão negou o pedido, alegando que "os dados de imunogenicidade deixam incertezas sobre a duração da proteção conferida pelo imunizante".
Somente em janeiro deste ano foi dada a autorização para aplicar a vacina em crianças e adolescentes de seis a 17 anos, com a recomendação de que a dosagem seja a mesma utilizada no público adulto e com administração de duas doses com intervalo de 28 dias. Para a aplicação na faixa etária dos três aos cinco anos, a dosagem poderá ser menor.
Países como Equador, Colômbia, Chile, China, Indonésia, Hong Kong e Camboja já aplicam a CoronaVac em crianças a partir de três anos.