Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências publicaram um estudo apontando que uma dose de reforço da CoronaVac promoveu resposta imune contra a variante Ômicron do coronavírus em 95% dos vacinados, além de aumentar a capacidade de neutralização dessa cepa ao ativar rapidamente as células B de memória, que produzem anticorpos. A pesquisa foi publicada na revista Nature.
Os cientistas chineses coletaram amostras de sangue de 60 voluntários que tomaram três doses da CoronaVac para avaliar os títulos de anticorpos neutralizantes contra as variantes Ômicron e Delta – neste estudo, usou-se vírus vivo. Nenhum dos indivíduos recrutados tinha sido infectado pelo vírus SARS-CoV-2 antes da análise.
Segundo a pesquisa, após a terceira dose, 95% dos participantes apresentaram soroconversão contra a Ômicron. Os títulos de anticorpos neutralizantes contra a cepa original (de Wuhan, que desencadeou a pandemia) e contra as variantes Delta e Ômicron foram, respectivamente, 254, 78 e 15,5. A contagem de títulos de anticorpos, no entanto, representa apenas uma parte da resposta imune, que é completada pelas células B de memória, que podem reconhecer um invasor, se dividir e rapidamente começar a produzir anticorpos para combatê-lo.
Para avaliar o potencial da memória imunológica de vacinados com três doses, os cientistas isolaram 323 anticorpos monoclonais derivados de células B, metade dos quais (163) reconheceu o domínio de ligação ao receptor (RBD) do vírus. Também foi identificado um subconjunto dos anticorpos monoclonais (24 dos 163) que foi capaz de neutralizar todas as variantes de preocupação do SARS-CoV-2, inclusive a Ômicron.
De acordo com os pesquisadores, estudos têm mostrado que a Ômicron pode resistir aos anticorpos produzidos com duas doses de vacina, o que reforça a necessidade de uma terceira dose.
– Nosso estudo revelou que o regime de vacinação de três doses da CoronaVac induz uma resposta imune melhorada, com neutralização significativamente aumentada. Além disso, um subconjunto de anticorpos neutralizantes altamente potentes contra as variantes de preocupação estava presente em pelo menos quatro indivíduos [entre 60 investigados].
No Brasil, o imunizante, produzido pelo Instituto Butantan, foi amplamente usado na população adulta, especialmente por ser o primeiro a ser oferecido pelo Ministério da Saúde. Atualmente, também pode ser aplicado em crianças acima de seis anos, sem que sejam imunossuprimidas. No país, no entanto, são orientadas apenas duas doses, o reforço deve ser feito preferencialmente com a Pfizer, podendo ser usado AstraZeneca.