O Canadá anunciou nesta quinta-feira (28) o levantamento das restrições para que homens homossexuais e bissexuais possam doar sangue, dando fim a um impedimento que remonta à crise do HIV/aids nos anos 1980 e 1990.
Em vez disso, os doadores serão examinados para a detecção de comportamentos sexuais de alto risco, independentemente de gênero ou orientação sexual.
"Com essa nova abordagem, os Serviços Canadenses de Sangue vão introduzir um questionário de seleção de doadores baseado no comportamento sexual que será aplicado a todos os doadores de sangue e plasma", informou o Departamento de Saúde em um comunicado.
A mudança de política, que valerá a partir de setembro, é um "marco importante em direção a um sistema de doação de sangue mais inclusivo", afirmou.
Essa é a mais nova de uma série de mudanças no regime de doação de sangue que ocorreram na última década no país. As restrições às doações por parte de homens gays foram reduzidas progressivamente de uma proibição completa a, em 2019, um período de espera de três meses.
Isso significa que homens que haviam tido relações sexuais com homens deviam manter abstinência sexual e só podiam doar sangue a partir de 90 dias depois.
Com o passar dos anos, os defensores das minorias disseram que a política era discriminatória e não se baseava em ciência.
Uma pesquisa citada pelo Ministério de Saneamento do Canadá mostra que o risco atual de contrair HIV por meio de uma transfusão de sangue, diante de todas as amostras analisadas, é "muito baixo": estimado em 1 em 20,7 milhões.
Ainda assim, ressalta que nos últimos anos não houve nenhuma doação soropositiva.
A proibição total à doação de sangue por homens homossexuais foi estabelecida em 1992 após um escândalo de sangue contaminado que fez com que milhares de canadenses se infectassem com o HIV após receber transfusões. A Cruz Vermelha canadense, que administrava as doações de sangue na época, não havia analisado nem examinado adequadamente as doações.
França, Espanha, Itália, Israel e Reino Unido adotaram recentemente medidas similares para relaxar as restrições aos doadores de sangue.
* AFP