A possível desobrigação do uso de máscaras em ambientes ao ar livre da Capital começará a ser debatida em uma reunião promovida pela prefeitura nesta quinta-feira (10). O encontro será virtual, a partir das 14h, e contará com a participação do prefeito, Sebastião Melo, do secretário de Saúde, Mauro Sparta, da equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e de representantes de cidades da Região Metropolitana.
Também foram convidados especialistas de quatro universidades: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Universidade Feevale e Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
De acordo com Melo, a ideia “é avaliar, com muita responsabilidade, a retirada do uso obrigatório da máscara em locais ao ar livre, com base na ciência”. Uma decisão a respeito do assunto ainda não deverá ser tomada amanhã. O objetivo é começar a debater o tema, com a apresentação de indicadores sobre o cenário atual da pandemia e considerando a palavra de profissionais da área da saúde e pesquisadores.
No programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, três convidados opinaram sobre a possibilidade dessa flexibilização na manhã desta quarta-feira (9). Os especialistas concordam que o momento permite afrouxar restrições, mas salientam que a forma como isso será comunicado à população é fundamental para que não ocorra piora dos índices referentes à crise sanitária.
— Acho que estamos melhorando bastante todos os indicadores, estamos indo bem. É muito importante pensar que o risco não é zero ou cem, é sempre uma gradação disso. Os lugares abertos têm muito menos riscos, mas locais abertos com aglomeração ou com gente doente não serão de risco zero. Temos que manter a máscara para doentes, imunossuprimidos e não vacinados, mas, para o dia a dia, em lugares usuais, acho bem tranquilo caminhar para essa liberação, sim — afirmou a epidemiologista Lucia Pellanda.
O infectologista Alexandre Zavascki argumentou que o momento epidemiológico, com redução de casos de covid-19 e bom percentual da população vacinada, permite considerar um relaxamento de regras, mas é fundamental manter total atenção às eventuais consequências desse tipo de ação.
— Há uma série de alarmes, e um deles vai apitar se a situação sair de controle e começarmos a retroceder. Temos indicadores muito objetivos de como está a pandemia. Eles podem dar um norte, uma segurança de para que lado vamos. Acho que (não usar máscara) em ambientes externos é uma situação em que podemos começar a pensar. A questão é como comunicar isso. As pessoas veem esse tipo de flexibilização como o fim da pandemia. Nem estamos no fim da pandemia, nem as máscaras perderam a utilidade. Vamos customizar: em ambientes de maior risco, permaneceremos de máscara, e em ambientes de menor risco deveremos recomendar o uso mas permitir, eventualmente, que em ambiente aberto se possa ficar sem máscara — justificou Zavascki.
Fernando Spilki, virologista, reforçou a importância de como a mensagem será transmitida pelas autoridades. Utilizando o exemplo de shows e jogos de futebol, Spilki destacou que, em locais assim, o equipamento de proteção ainda deve ser utilizado.
— Isso depende muito da comunicação que será feita. O indivíduo mais radical vai dizer: “Se pode (não usar máscara) na rua, por que precisa no estádio?” É importante dizer por que, em alguns lugares, ainda é necessário. Nas escolas, é impensável não usar. Liberar paulatinamente permite ver performances. Liberar será seguro desde que a população entenda que ainda há situações necessárias — frisou o virologista.