Moradores de Porto Alegre não precisam mais utilizar máscaras ao ar livre a partir desta sexta-feira (11). Decisão semelhante foi anunciada nesta terça-feira (15) pelo governo do Rio Grande do Sul. A liberação abrange a população geral, mas especialistas em saúde destacam que alguns grupos de maior risco devem seguir usando máscaras em ambientes externos, a despeito da decisão oficial.
GZH entrevistou três especialistas sobre o assunto: a médica epidemiologista Lucia Pellanda, integrante do Comitê Científico do Palácio Piratini; o médico infectologista Cezar Riche, do Hospital Mãe de Deus; e a bióloga Mel Markoski, professora de Biossegurança na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e integrante da Rede Análise.
— A máscara deixar de ser obrigatória não quer dizer que deixou de ser recomendada. A máscara continua sendo fortemente recomendada a todos — salienta a epidemiologista Lucia Pellanda.
Imunossuprimidos
Pessoas com sistema imunológico deficiente devem usar máscaras mesmo em ambientes abertos porque são mais vulneráveis a adoecer gravemente por covid-19. Desde o início da pandemia, é um dos grupos de maior risco — motivo pelo qual são os únicos aptos a tomar quarta dose da vacina.
O termo imunossuprimidos designa pacientes com câncer em uso de quimioterapia e radioterapia, pacientes transplantados em uso de drogas imunossupressoras, pacientes em hemodiálise, pacientes que usam mais de 20mg de corticoide por dia, pacientes com doenças imunomediadas inflamatórias crônicas (reumatológicas, autoinflamatórias, doenças intestinais inflamatórias), pessoas com imunodeficiência primária grave, pessoas vivendo com HIV/Aids com CD4 abaixo de 200 céls/mm3.
Pessoas com sintomas respiratórios
Pessoas vacinadas, sobretudo com três doses, estão mais protegidas contra a covid-19, o que pode reduzir sintomas e confundir o coronavírus com uma gripe comum ou alergia. Você deve usar máscara ao sair de casa se tiver sintomas que indiquem possível infecção por covid-19, como nariz entupido, coriza, tosse, espirros e dor de garganta. Desta forma, evitará que outra pessoa seja contaminada.
Pessoas não vacinadas
Pessoas não vacinadas são as mais vulneráveis à covid-19 e, portanto, devem seguir usando máscaras. Se você não pôde tomar a vacina por ter alguma alergia a um componente do imunizante, o risco é maior de se infectar em um momento no qual a transmissão viral está em queda, mas ainda é alta.
Pessoas com comorbidades graves
A ideia aqui é que estas pessoas têm maior risco de adoecer gravemente por covid-19. Segundo definição do Ministério da Saúde no Plano Nacional de Operacionalização contra a Covid-19 (PNO), são pessoas com as seguintes doenças:
- Diabetes
- Doenças do coração e cardiovasculares
- Doenças pulmonares
- Hipertensão grave
- Doenças neurológicas graves
- Doença renal crônica
- Obesidade mórbida
- Hemoglobinopatias graves
- Síndrome de Down
- Cirrose hepática
— O risco ao ar livre é baixo, mas você tem que olhar para os grupos de pessoas expostas. Se você tem maior tendência a desenvolver sintomas severos, o risco sofre influência. Pessoas com comorbidades precisam se proteger mais. Nos estudos, a maioria dessas pessoas tende a desenvolver sintomas mais severos — diz Mel Markoski, professora de Biossegurança na UFCSPA.
A prefeitura do Rio de Janeiro, que também liberou o uso ao ar livre, orientou que pessoas com doenças crônicas graves devem seguir usando máscaras ao ar livre.
Idosos
Idosos, sobretudo de idade mais avançada e com comorbidades, devem ter mais atenção para o uso de máscaras, uma vez que são os pacientes que internam com mais frequência, observa o médico infectologista Cézar Riche, do Hospital Mãe de Deus.
— Quem deve ter mais preocupação são imunossupressos, que não terão suas defesas naturais adequadas, idosos e pessoas comorbidades que são fatores de risco para covid. Isso tudo considerando que são pessoas vacinadas. O idoso mais frágil deve seguir usando mascara, porque é o que a gente costuma atender na emergência. Ele pode se beneficiar do uso de máscara — afirma Riche.