O Ministério da Saúde incluiu as crianças de cinco a 11 anos no plano de vacinação contra a covid-19. A imunização para essa faixa etária, no entanto, não será obrigatória. As informações foram detalhadas durante coletiva nesta quarta-feira (5), 20 dias após a aprovação da vacina pediátrica da farmacêutica Pfizer pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A data de início da aplicação das doses ainda não foi anunciada. A primeira de três remessas de vacinas previstas para janeiro deve chegar ao país em 13 de janeiro. A expectativa é de que as primeiras doses estejam aptas para envio a Estados e municípios a partir de 14 de janeiro.
Ao todo, o Brasil receberá pouco mais de 3,7 milhões de vacinas neste mês — serão três lotes de 1,248 milhão de doses cada um. Do primeiro lote, cerca de 60 mil doses devem vir para o Rio Grande do Sul. Segundo a secretária da Saúde do RS, Arita Bergmann, caso as doses sejam enviadas ao Estado na data prevista, a SES pode dar início ao repasse aos municípios no dia 17 de janeiro.
A partir deste passo, as prefeituras já podem começar a vacinar os pequenos. No Rio Grande do Sul, há 968,9 mil crianças com idade entre cinco e 11 anos aptas a receberem as doses, o que representa 4,73% no cenário nacional.
A vacinação das crianças seguirá uma ordem de prioridade:
- Crianças de cinco a 11 anos com deficiência permanente ou comorbidades;
- Crianças indígenas e quilombolas;
- Crianças que moram com pessoas que possuem alto risco para a covid-19, como idosos, por exemplo.
Em seguida, a imunização será ampliada para crianças sem comorbidades, na seguinte ordem:
- 10 a 11 anos;
- oito a nove anos;
- seis a sete anos;
- cinco anos.
O intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina será de oito semanas. A recomendação é diferente da que consta na bula da vacina pediátrica da Pfizer aprovada pela Anvisa, quando o intervalo orientado é de 21 dias (três semanas). Outras orientações incluem:
- Que as crianças sejam acolhidas e permaneçam no local em que a vacinação ocorrer por pelo menos 20 minutos após a aplicação, facilitando que sejam observadas durante esse breve período;
- Que os pais ou responsáveis sejam orientados a procurar o médico se a criança apresentar dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações após a aplicação da vacina;
- Que as crianças que completarem 12 anos entre a primeira e a segunda dose, permaneçam com a dose pediátrica da vacina Comirnaty.
Além disso, a pasta voltou atrás e decidiu não exigir mais prescrição médica para a imunização infantil, conforme já havia antecipado GZH. Agora, a orientação é de que os pais procurem a recomendação prévia de um médico antes da imunização, porém, sem cobrança de nenhum documento. No caso de pais ou responsáveis não presentes no momento da aplicação da dose, será necessária uma autorização por escrito, ainda segundo a pasta.
Avaliação de especialistas
Infectologistas ouvidos por GZH avaliam que a vacinação de crianças no país já deveria ter começado e destacam que a efetividade da imunização dependerá da adesão dos pais e responsáveis à campanha. Para eles, o processo foi atrasado devido à consulta pública.
— O próprio cronograma revela que, lamentavelmente, essa postergação ocorreu para dar voz a uma consulta pública que era inadequada. Isso acabou postergando algo por dias que não precisaria. Veja que, inclusive, já havia a compra agendada para este mês — ressalta o virologista, professor e pesquisador Fernando Spilki.
Questionado sobre a demora para o início do processo de imunização em crianças, o ministro Marcelo Queiroga foi enfático ao afirmar que “o Brasil está absolutamente dentro do prazo e não houve atraso nenhum”.