Que a covid-19 se manifesta de forma mais atenuada em crianças, os médicos e cientistas já confirmaram. A doença, no entanto, também pode se manifestar de forma grave, levando, inclusive, a internação hospitalar e a óbito, em alguns casos. Pacientes com doenças respiratórias e com cardiopatia, por exemplo, têm maior chance de desenvolver quadros mais sérios.
Outra consequência da covid em crianças é a possibilidade de desenvolvimento da chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), ao menos 98 casos foram confirmados no Rio Grande do Sul desde o início da pandemia. Um menino de sete anos morreu por complicações provocadas pela síndrome.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, desta sexta-feira (7), a médica Sandra Helena Machado, chefe do Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, destacou a importância da vacinação para proteger as crianças contra as consequências da covid-9 e alertou os pais para uma leitura correta dos sintomas nos pequenos.
Segundo a pediatra, crianças com febre por três dias seguidos, mesmo sem sintomas gripais, devem ser levadas para uma consulta médica, pois pode ser consequência da infecção de covid-19. Sandra destaca que os pequenos podem não ter sintomas no início, mas, depois, têm febre alta, diarreia e podem, em alguns casos, evoluir para miocardite.
— Não atendemos nenhuma criança por complicação da vacina. Pelo contrário, o que vimos lá (na Emergência) foram crianças internadas por complicações da covid-19, aquilo que o presidente (Jair Bolsonaro) diz que é uma gripezinha — afirmou a médica. — É uma preocupação nossa, de pediatras, essas não informações — completou.
Na quinta-feira (6), Bolsonaro disse não saber de mortes de crianças por coronavírus no Brasil. Segundo dados divulgados pelo próprio Ministério da Saúde, 308 crianças abaixo dos 11 anos morreram no país vitimadas pela covid-19, desde o início da pandemia.
Sandra pediu para que os pais vacinem os filhos, pois pode evitar que sintomas graves ocorram. No Rio Grande do Sul, a campanha de vacinação para este grupo deve começar no dia 17 de janeiro, caso os prazos de entrega do imunizante sejam cumpridos pelo MS.
— A gente sempre vacinou as crianças. A vacina era obrigatória para entrar nas escolas. Nunca questionamos os pais se era ou não para vacinar. Vamos vacinar as crianças! Não vamos ter medo, pois a gente vai evitar isso, essas complicações mais sérias —concluiu.