Porto Alegre pode respirar com alívio: a capital gaúcha atingiu, nesta semana, menos de 50 pessoas com covid-19 internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs). No pior momento da pandemia, no fim de março, eram 903, segundo estatísticas da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Na segunda-feira (13), a cidade registrou 48 pessoas em estado gravíssimo, número que subiu para 50 nesta terça (14). O atual nível de ocupação de UTIs é o menor em um ano e meio, desde junho do ano passado, quando o Rio Grande do Sul enfrentava grandes restrições à mobilidade para desafogar o sistema hospitalar.
Agora, Porto Alegre retoma a circulação de pessoas em patamares pré-pandêmicos com alta cobertura vacinal: 81% de todos os porto-alegrenses tomaram a primeira dose contra a covid-19 e 73,7% completaram o esquema vacinal.
A despeito das aberturas e retomada do comércio, incluindo eventos de maior risco, a cidade mantém, desde o fim de outubro, média móvel de duas mortes por dia. No momento mais letal da pandemia, em março, quando hospitais colapsaram, Porto Alegre chegou a ter uma média de 60 mortes diárias.
O médico intensivista Wagner Nedel, presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Rio Grande do Sul (Sotirgs), explica que, com UTIs menos ocupadas, médicos realizam cirurgias de alta complexidade que ficaram em suspenso durante os últimos dois anos, como de câncer ou de transplante.
— Para fazer transplante, às vezes precisamos de até quatro leitos de UTI, porque um doador pode doar vários órgãos e cada transplantado fica em um leito. É uma situação mais tranquila hoje. Tivemos abertura de escolas, de estádios, volta de eventos públicos e isso não piorou o cenário. A sociedade voltou quase ao normal de antes da pandemia. O que tem de diferente? Usamos máscara e há alguma restrição em alguns eventos. De resto, o que tem de diferente é a vacina. É a prova cabal de que ela funciona — diz.
O epidemiologista e diretor da Vigilância em Saúde da prefeitura de Porto Alegre, Fernando Ritter, cita que a melhora tem “relação direta com a vacinação” e destaca a alta adesão entre porto-alegrenses: 100% das pessoas com 12 anos ou mais tomaram uma dose e pouco mais de 90% completaram o esquema vacinal.
Ritter destaca que, com a chegada da Ômicron, com três casos oficialmente confirmados na cidade, é ainda mais importante que a população tome a segunda e a terceira dose contra a covid-19. Hoje, a adesão ao reforço está aquém do esperado: até o momento, 273 mil porto-alegrenses tomaram a terceira vacina – mas quase 500 mil já estão aptas.
— Quem não tomou a segunda dose ainda, busque uma unidade de saúde ou farmácia. E quem está apto para a terceira dose, é fundamental ir atrás, isso vai nos proteger da Ômicron. Estamos chegando no fim do ano, momento de confraternizações e aglomerações, mas os cuidados precisam ser mantidos — apela Ritter.