O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu nesta segunda-feira (20) o presidente Jair Bolsonaro e sua proposta de dar publicidade aos nomes dos técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que aprovaram a vacinação contra a covid-19 de crianças de cinco a 11 anos. Embora respaldados em estudos científicos, servidores do órgão têm sofrido ameaças de morte por conta da decisão.
— O serviço público é caracterizado pela publicidade dos seus atos. Então, todos os técnicos que se manifestem em processos administrativos tem que ser publicizados por seus atos, a não ser aqueles atos que são mais restritos. Mas não há problema em ter publicidade dos atos da administração. Acredito que seja até um requisito da Constituição — afirmou o ministro a jornalistas na saída do prédio da pasta.
Na última quinta-feira (16), Bolsonaro disse em transmissão ao vivo nas redes sociais que pediu as identidades dos servidores da Anvisa que aprovaram a vacina pediátrica da Pfizer para crianças de cinco a 11 anos, com a intenção de divulgá-las. A agência chamou a declaração de ameaça. Desde a ofensiva do chefe do Executivo, contrário à vacinação de crianças, técnicos do órgão têm relatado novas intimidações.
Ainda que tenha chamado as ameaças aos servidores de "ações de criminosos", Queiroga saiu em defesa de Bolsonaro nesta segunda-feira.
— O presidente é uma das pessoas que luta mais contra a criminalidade, aliás, as taxas de criminalidade do seu governo têm caído. É tudo narrativa — afirmou a jornalistas. — O presidente Bolsonaro é um grande líder, tem nos apoiado fortemente.
O ministro da Saúde também declarou que a Polícia Federal (PF) é a responsável por investigar as ameaças, e não a sua pasta. Ele não manifestou solidariedade aos funcionários públicos e ainda disse ser igualmente alvo de intimidações:
— Eu mesmo sofro ameaças também, e a gente está aqui trabalhando firme para resolver o problema da pandemia.
Mais cedo, na chegada ao Ministério da Saúde, Queiroga mostrou resistência a liberar a vacinação de crianças contra a covid-19 com doses pediátricas da Pfizer. Segundo o ministro, que quer submeter a proposta de imunização a uma consulta pública, "a pressa é inimiga da perfeição".