O presidente Jair Bolsonaro criticou a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de aprovar o uso da vacina contra a covid-19 da Pfizer em crianças de cinco a 11 anos. Cabe ao Ministério da Saúde, no entanto, incluir o imunizante para esta faixa etária na campanha nacional.
Em transmissão pelas redes sociais, Bolsonaro afirmou que pretende divulgar os nomes dos integrantes da agência que aprovaram o uso da vacina. A informação é do jornal O Globo.
O presidente afirmou que pediu a listagem dos nomes de forma "extra-oficial" para que "todos tomem conhecimento" dos técnicos responsáveis pela aprovação. Disse, no entanto, que não interfere na Anvisa e que a agência não está subordinada a ele.
— Não sei se são diretores e o presidente que chegaram a essa conclusão ou o tal do corpo técnico. Mas seja qual for, você tem direito a saber o nome das pessoas que aprovaram a vacina a partir de cinco anos para seu filho. E você decida se essa vacina se compensa ou não — disse Bolsonaro.
A vacinação de crianças foi o primeiro assunto abordado pelo presidente durante a transmissão. Bolsonaro leu ainda uma das recomendações feitas pela Anvisa para que os pais sejam orientados a procurar um médico caso a criança apresente dores repentinas no peito, falta de ar ou palpitações após receber o imunizante.
O presidente afirmou que irá discutir com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se a filha Laura, de 11 anos, irá se vacinar contra a covid.
— A vacina chegou, experimental. Da nossa parte foi voluntária, ninguém obrigou ninguém a tomar, a responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças. Quem é responsável é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos e vou estudar com a minha esposa para ver qual a decisão que nós vamos tomar.
A vacina da Pfizer não é experimental, e a aprovação não foi para uso emergencial: a Anvisa concedeu o registro de forma definitiva, assim como para a fórmula usada para quem tem mais de 12 anos.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, não respondeu à fala de Bolsonaro sobre pedir os nomes dos técnicos da agência, mas destacou a segurança da vacina em crianças.
— Os estudos que tivemos acesso foram com milhares, com 4 mil crianças, por exemplo. A eficácia foi elevada, muito elevada. Em torno de 90%, inclusive contra a variante Delta, que por enquanto é a dominante no mundo. [...] Fico imaginando a mente dos pais vendo tanta informação falsa, que transforma uma decisão que deveria ser mais tranquila em uma dúvida.