A vacinação de crianças de cinco a 11 anos contra a covid-19 não começará imediatamente. A despeito de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado nesta quinta-feira (16) o uso do imunizante da Pfizer na faixa etária, a prefeitura de Porto Alegre espera iniciar a aplicação apenas em janeiro – autoridades aguardam que o Ministério da Saúde receba da farmacêutica as doses específicas para os pequenos.
O epidemiologista e diretor da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre, Fernando Ritter, ressaltou em entrevista a GZH que crianças não serão vacinadas nos próximos dias. Antes de tudo, o Ministério da Saúde precisa incluir as crianças no Plano Nacional de Imunizações (PNI).
Em seguida, o governo federal precisa receber as doses da Pfizer para crianças. Apesar de o imunizante usar um terço da dose destinada a adolescentes e adultos, servidores não podem simplesmente pegar o conteúdo de frascos disponíveis e dividi-lo por três para usar em crianças. Os frascos com vacinas para crianças terão, inclusive, outra cor – laranja – para diferenciar o conteúdo, uma vez que a fórmula da vacina também tem alterações.
— Não vai ser amanhã, nem depois de amanhã. Precisamos receber as orientações técnicas do Ministério da Saúde, inclusive como vai proceder a vacinação. O Ministério da Saúde precisa adquirir essas vacinas para nós começarmos. A gente está contando com a chegada dessas doses em janeiro. Nossas equipes já estarão treinadas. Nós não podemos pegar os frascos, dividir em três partes e achar que está tudo bem. Tanto é que eles disponibilizarão as doses em frascos diferentes de cores diferentes — diz Ritter.
O Ministério da Saúde foi contatado por GZH, mas ainda não respondeu aos questionamentos. A Pfizer não afirmou quando as doses para crianças serão enviadas ao Brasil.
O laboratório já destacou que o contrato firmado com o Ministério da Saúde para venda de 100 milhões de vacinas contra a covid-19 em 2022 engloba a possibilidade de versões modificadas do produto (como contra a variante Ômicron, por exemplo) e também a versão para crianças.
Em nota nesta quinta-feira, a Pfizer diz que “apesar de ter o mesmo princípio ativo, a formulação pediátrica para crianças entre cinco a 11 anos possui uma concentração diferente, um maior número de doses por frasco e um prazo de armazenamento maior na temperatura de geladeira entre 2°C e 8°C”.
Estudo conduzido pela Pfizer apontou que duas doses da vacina contra a covid-19 possui 90,7% de eficácia para crianças de cinco a 11 anos, com intervalo de 21 dias entre as aplicações. Nos Estados Unidos, quase 5,8 milhões de crianças nesta faixa etária já receberam ao menos uma dose. A inclusão dos pequenos nas campanhas de imunização também já foi feita na União Europeia, Uruguai, Colômbia, entre outros.
Questionada se já começou a se organizar para iniciar a vacinação de crianças e se tem doses para começar a aplicação ou se depende do envio pelo governo federal, a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS) apenas afirmou, por meio de nota, que aguarda as recomendações do Ministério da Saúde.
“Estados e municípios fazem a gestão em cima das determinações do Plano Nacional de Imunizações (PNI) e a partir da estrutura e necessidades de cada localidade”, diz o governo do Estado.
A Anvisa ainda deve avaliar o pedido do Instituto Butantan para usar a Coronavac na imunização em crianças e adolescentes de três a 17 anos. O pedido foi recebido na quarta-feira (15) – a Anvisa tem 30 dias para dar o veredito.