Está prevista para esta quinta-feira (23) a abertura de uma consulta pública para a sociedade civil se manifestar sobre a vacinação de crianças de cinco a 11 anos contra a covid-19. Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aplicação do imunizante da Pfizer nesta faixa etária, mas uma discussão política vem tomando conta do debate.
Para Cristiano Zerbini, médico do Centro Paulista de Investigação Clínica e Serviços Médicos (Cepic) e coordenador dos testes da vacina da Pfizer no Brasil, não há necessidade de uma consulta popular neste caso, já que os estudos foram enviados à agência reguladora.
— A gente precisa de uma decisão do governo federal baseada na ciência. A saúde não é uma discussão partidária. Deve ser baseada na ciência, e para isso temos a Anvisa. Acho que não deveria ter consulta popular. Terão pessoas que vão votar (na consulta) e nem leram os estudos — afirmou ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
— Não pode ser assim. São dados científicos. A vacina é um grande progresso da humanidade — completou o médico, lembrando de campanhas de vacinação bem sucedidas na história, como a da poliomielite e da varíola.
Zerbini alertou que, quanto mais o Brasil demorar para ampliar o número de pessoas imunizadas, mais risco há para o surgimento de novas cepas do coronavírus. Além disso, o especialista citou as mortes de crianças em decorrência da covid-19.
— Daqui a pouco o mundo inteiro estará vacinando. Aqui, temos que começar logo para não deixar que as crianças adoeçam e percam a vida. Cada dia que passa podemos perder mais uma criança — disse.
Sobre os possíveis efeitos adversos do imunizante, o médico afirmou que "o benefício é milhares de vezes maior que o custo" e pediu que pais e avós levem os filhos e netos para se vacinarem.
— Temos que vacinar as crianças. É importante. Muito importante. Os países ditos de primeiro mundo já estão vacinando. A vacina é segura. É eficaz. Não há porque temer efeitos adversos. Os efeitos nas crianças são os mesmos que em adultos: dor no braço, fadiga. Isso pode ocorrer nos sete primeiros dias após a aplicação, mas depois passa — concluiu.