O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou nesta sexta-feira (17) ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que ainda não há previsão para o início da vacinação contra a covid-19 de crianças de cinco a 11 anos no Brasil. Na quinta-feira, a agência concedeu aval para o uso da vacina da Pfizer na faixa etária. Torres destacou que a decisão está nas mãos do Ministério da Saúde.
— Cabe ao Ministério da Saúde avaliar e decidir quando efetuará a incorporação. Ela (vacina) está sendo usado em diversos países, e não há registro de eventos graves, quanto a eventos adversos. Isso reforça muito a nossa recomendação de que seja acatado (o uso da vacina neste grupo) diante dessas observações que nós colocamos — disse.
Questionado sobre as decisões do governo federal quanto ao combate à pandemia — que muitas vezes vão ao contrário das recomendações da agência —, Barra Torres disse que a relação da Anvisa é exclusivamente com a pasta da Saúde, sem ter contato com o chefe de Executivo.
— A Anvisa não tem relação de trabalho com a Presidência. Obviamente temos relação com o Ministério da Saúde, e é muito boa. Nossos técnicos têm reuniões frequentes com o ministério. A Anvisa sugere, propõe medidas — explicou.
O presidente da agência afirmou que a decisão publicada na quinta-feira (16) veio após a farmacêutica norte-americana enviar estudos com mais de 4 mil crianças. Nenhuma sofreu efeito adverso grave nos testes, e a eficácia foi de 90%, inclusive contra a variante Delta, que no momento ainda é a predominante no mundo.
— Há condições de segurança e de qualidade de eficácia para fazê-lo (a autorização). Caso contrário, não teríamos feito. Entendemos que é segura, sim — disse. — Todas as vacinas, em qualquer época da história, são sempre aprovadas pesando que o benefício é maior do que o risco.
Barra Torres também sugeriu que os pais sigam às recomendações de especialistas na hora de escolher vacinar seus filhos e que acessem o site da Anvisa, em caso de dúvidas sobre a vacina.
— Estamos vivendo, paralelamente a guerra contra o vírus, uma guerra contra a informação. Infelizmente, no nosso país, hoje, tudo está politizado. A política infelizmente deixou os limites de seu território e entrou em outros. Transformou a questão da saúde em um ringue de briga. Diversas correntes polícias entram com notícias faltas buscando o seu voto na urna — disse.
— Fico imaginando a mente dos pais vendo tanta informação falsa, que transforma uma decisão que deveria ser mais tranquila em uma dúvida — completou.
A vacina aplicada em crianças é outro imunizante, dedicado somente a estre grupo, e terá 10 microgramas — um terço do que a dose aplicada em adultos e adolescentes, de 30 microgramas. Para diferenciar um imunizante do outro, os frascos terão cores diferentes para que não haja confusão das equipes de saúde. A dos adultos e adolescentes é roxa, e a das crianças é com a tampa laranja.
Ainda segundo a Anvisa, a criança que completar 12 anos entre a primeira e a segunda dose, deve manter a dose pediátrica.