O Rio Grande do Sul vai precisar receber mais de 303,5 mil doses de vacina contra a covid-19 da Janssen para garantir a segunda aplicação em quem recebeu o imunizante no Estado. Mesmo sendo uma vacina de dose única, o Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (16) a orientação para que seja oferecida uma segunda injeção do mesmo imunizante, que pode ser dada em um intervalo mínimo de dois meses.
O Estado não recebe novos lotes da Janssen desde agosto deste ano. A última distribuição feita pelo governo federal foi de 16,1 mil doses no final de setembro, destinadas para reforço da imunização da população indígena – o Rio Grande do Sul não foi contemplado nessa leva. Por isso, muitos municípios não possuem vacinas da Janssen em estoque, como é o caso de Porto Alegre, por exemplo.
Novo lote nos próximos dias
A falta de doses da vacina Janssen no Brasil foi motivada por atrasos nas entregas do laboratório para o Ministério da Saúde. Após cinco meses sem receber nenhuma dose do laboratório, pousou no Brasil na última sexta-feira (12) um lote com 1 milhão de vacinas. Neste momento, a remessa passa por processos de monitoramento, que envolvem controle de qualidade e medição da temperatura.
A expectativa é de as vacinas sejam distribuídas pelo governo federal para todos os estados a partir da próxima sexta (19). Ainda não há a confirmação de quantas vacinas da Janssen o Rio Grande do Sul vai receber nos próximos dias, mas as doses devem ser destinadas em sua totalidade para a segunda dose de quem recebeu o imunizante no Estado.
O Ministério da Saúde garante que, até o fim de dezembro, receberá as quantidades suficientes da vacina da Janssen para garantir que os 4,8 milhões de pessoas que tomaram o imunizante no Brasil recebam uma segunda dose do mesmo laboratório.
Anvisa e Janssen se posicionam
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse, em nota, que considera a dose de reforço um mecanismo importante para assegurar a proteção contínua contra a doença. Porém, citou que outros países, como os Estados Unidos, esperaram uma avaliação prévia das agências reguladoras para começar a aplicação de uma dose adicional – o que não foi feito no Brasil.
A Janssen também emitiu um comunicado falando sobre a administração da dose de reforço. A farmacêutica informou, por meio de nota, que foram feitas análises preliminares avaliando os níveis de anticorpos conferidos pela dose extra. Quando o reforço foi dado dois meses após a dose única, os níveis de anticorpos aumentaram de quatro a seis vezes. Quando foi dado após seis meses da dose única, os níveis de anticorpos aumentaram nove vezes após uma semana e continuaram a subir em 12 vezes quatro semanas depois. De acordo com a farmacêutica, todos os aumentos ocorreram independentemente da idade.
Na semana que vem, a Janssen deve entregar à agência os estudos sobre a eficácia e a segurança da dose de reforço da sua vacina. Na Anvisa, também tramita um pedido da Pfizer que prevê a aplicação de uma terceira dose do imunizante no País.
Mesmo sem o aval da Anvisa, o Ministério da Saúde pode gerir a estratégia de vacinação e decidir sobre uma aplicação de dose de reforço. A medida estava em vigor desde setembro no Brasil, quando alguns públicos começaram a receber mais uma injeção contra a covid-19, como foi o caso de idosos, profissionais de saúde e imunossuprimidos.