Médicos do Hospital Langone Health, em Nova York, conseguiram fazer com que um rim de porco, geneticamente modificado, funcionasse em um humano, um avanço muito promissor para as muitas pessoas que esperam um transplante. A operação foi realizada em 25 de setembro, mas só foi anunciada na terça-feira (19).
O rim não foi exatamente implantado em um corpo humano, mas conectado aos vasos sanguíneos de uma paciente em estado de morte cerebral e com sinais de disfunção renal. A família autorizou o experimento, e o órgão foi acoplado na parte superior da perna.
O órgão "funcionou bem" durante os dois dias e meio de duração do experimento, disse Robert Montgomery, diretor do Instituto de Transplantes Langone da NYU.
– Ele fez o que deveria fazer (...), produziu urina – afirmou Montgomery.
Um transplante semelhante já foi tentado com primatas, mas até então nunca havia sido testado em humanos. A operação envolveu o uso de um porco cujos genes foram alterados para que seus tecidos não contivessem mais uma molécula conhecida por provocar uma rejeição praticamente imediata em humanos.
Alguns especialistas receberam a notícia com cautela, pois os resultados detalhados do estudo ainda não foram publicados em uma revista científica.
– É, no entanto, um passo interessante no caminho para o uso de porcos geneticamente modificados como fonte de órgãos para transplantes – disse Alan Archibald, especialista em genética da Universidade de Edimburgo.
Os xenotransplantes - transferência de tecidos de uma espécie para outra - não são novos. Médicos têm tentado transplantes entre humanos e animais desde pelo menos o século 17, inicialmente concentrando-se em primatas.
No Brasil, a fila de espera por um órgão, em setembro de 2021, era de 53.218 pessoas. O transplante de rim ocupa o topo do ranking, com mais de 31 mil pessoas na espera. Em seguida, vem o de córnea, com mais de 19 mil brasileiros na fila. Nos Estados Unidos, a fila de espera beira cem mil pessoas.