Vinte dias depois da publicação da reportagem sobre a escassez de imunoglobulina nos hospitais de Porto Alegre, o estoque do medicamento para reposição de anticorpos continua reduzido nas instituições. Hospitais públicos e privados encontram dificuldade para comprar a substância, presente no plasma do sangue e usada como uma forma de repor anticorpos e com efeito em inflamações.
Um novo levantamento realizado por GZH apontou que seis das principais instituições da Capital ainda enfrentam a escassez do medicamento e problemas para renovar o estoque.
A imunoglobulina é utilizada para o tratamento de várias doenças como tétano, rubéola, gripes e, recentemente, na recuperação pós-covid. Na regulação do sistema imunológico, ela é essencial no tratamento de doenças neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré, neuropatias, doença de Kawasaki e trombocitopenia imune, entre outras.
A falta de imunoglobulina não se restringe ao Rio Grande do Sul e aos demais Estados brasileiros. A escassez da substância é uma consequência da pandemia, pois, como a produção está ligada à doação de sangue, houve uma redução significativa no desenvolvimento do medicamento no último ano.
No Grupo Hospitalar Conceição (GHC), o estoque é mínimo e suficiente para poucos dias de consumo regular. A instituição permanece buscando alternativas, como outras opções terapêuticas, e mantém a busca ativa no mercado local e internacional. Conforme o gerente de materiais do GHC, Leonardo Bichinho Stefanuto, a escassez permanece.
— Finalizamos uma compra na sexta-feira (1º), em caráter emergencial, para fornecimento de 50 unidades que foram localizadas junto a um distribuidor do medicamento, no entanto, o quantitativo é suficiente somente para um período de 10 a 15 dias de consumo — afirma.
A Santa Casa informou que a quantidade da substância recebida é inferior ao número necessário para o atendimento completo aos pacientes. Também relatou que está tratando do assunto com a Associação Nacional dos Hospitais Privados para realizar uma ação conjunta.
O hospital Moinhos de Vento informou que, devido ao desabastecimento no mercado dos hemoderivados, está viabilizando a importação de imunoglobulina para reestabelecer os níveis do estoque. O hospital não divulgou o estoque atual.
O Hospital Mãe de Deus ainda tem o medicamento. Como a imunoglobulina está em baixo estoque, as indicações e a liberação são gerenciadas a partir de um comitê técnico e junto à diretoria médica da instituição, que ainda avalia a possibilidade de importar o produto, conforme permissão estabelecida por resolução da Anvisa.
No hospital São Lucas da PUCRS, ainda há a escassez do medicamento, com estoque que pode durar menos de 30 dias, dependendo das necessidades dos pacientes.
— As equipes médicas estão reservando o uso da substância somente para casos em que não há nenhum outro tratamento disponível. Estamos avaliando possibilidades de importação — informa a gerente de suprimentos, Maria Natália Silva.
O
de Porto Alegre relata que mantém um plano para restringir o uso da imunoglobulina. Há um controle para que a substância seja utilizada quando necessário. Não há previsão de novas entregas.