Os resultados da pesquisa "Rio Grande Pós-Pandemia – Os Impactos da Pandemia na Saúde" foram apresentados na tarde desta segunda-feira (2) em um evento na Assembleia Legislativa do Estado (AL-RS). O estudo, que é uma pesquisa de opinião, revela que as principais preocupações dos gaúchos em relação à saúde dizem respeito à demanda represada de exames, de consultas e de cirurgias eletivas em função da crise sanitária provocada pelo coronavírus. O estudo foi encomendado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers) em parceria com a AL-RS e realizado pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO).
Para tentar suprir a demanda provocada pela pandemia, a AL-RS e o Palácio Piratini apontaram soluções para os gargalos. Gabriel Souza, presidente da AL-RS, trouxe dados sobre a paralisação do sistema de saúde. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre, houve um aumento de 64% no número de solicitações de consultas via SUS de abril de 2020 para abril de 2021. A Central dos Transplantes do Estado apontou uma queda de 24% no transplante de órgãos sólidos – como coração, pulmão, rim, pâncreas e fígado – e de 50% nos transplantes de tecidos. Por fim, pontuou que a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica estima 200 mil diagnósticos de câncer represados.
Para tentar dissolver o problema, Souza sugeriu ao Piratini que seja criado um programa de supressão da fila de espera de pacientes não covid-19 já a partir deste segundo semestre. A proposta do deputado estadual é que os hospitais recebam uma verba a mais, de acordo sua produtividade, para reduzir essa fila no âmbito de consultas, mas também no de procedimentos.
— Esse financiamento deve ser feito, se necessário for, com os recursos oriundos das privatizações que o governo está promovendo, para que esses valores sejam alocados na área da saúde, haja visto que temos o interesse público e temos evidencias de que há um problema gigantesco nesse sentido — diz.
Arita Bergmann, secretária estadual de Saúde, reconhece que o Piratini precisará ampliar a oferta de cirurgias eletivas e especializadas e apontou que o governo gaúcho já traçou estratégias para desafogar esses gargalos.
Segundo a secretária, será lançado nesta terça-feira (3) o programa Assistir, de incentivo aos hospitais. A proposta é que, por meio de critérios – que não foram detalhados –, crie-se as condições necessárias para que as unidades ampliem o número de ambulatórios, principalmente os voltados para pacientes crônicos. Além disso, foram explanadas duas outras propostas:
— Anda adiantada uma proposta junto com o Telessaúde (sistema de prestação de serviços de saúde a distância) para oferecer consultas especializadas. Além disso, queremos fazer um programa voltado para as cirurgias eletivas, mas que também cobrirá consultas, exames, pré e pós-operatório. Essas são estratégias que darão maior velocidade no acesso à saúde, que é uma das demandas apontadas no estudo.
Participaram da reunião Elis Radmann, cientista social e política do IPO; Eduardo Trindade, vice-presidente do Cremers; a deputada Zilá Breitenbach, presidente da Comissão de Saúde da AL-RS; Mauro Sparta, secretário municipal de Saúde; e Luciney Boher, presidente da Federação das Santas Casas do RS.