Cientistas chilenos que lideram um estudo sobre a CoronaVac no país recomendaram, na quinta-feira (15), a aplicação de um reforço nas pessoas que receberam a vacina contra a covid-19. A terceira dose seria aplicada seis meses depois de completado o esquema vacinal de duas doses. Embora a imunidade ainda seja detectada após esse período, os pesquisadores observaram que há uma diminuição natural dos anticorpos, o que sugeriria a necessidade de uma mais uma dose.
Realizado pela Pontificia Universidad Católica de Chile (UC), o trabalho incluiu 2 mil voluntários saudáveis, com mais de 18 anos, que receberam duas doses do imunizante em intervalos de 14 e de 28 dias. Conforme foi divulgado, o intervalo de 28 dias entre as aplicações gerou uma imunidade mais robusta.
Os resultados também revelaram que a maioria das pessoas com o calendário de imunização completo apresentou uma resposta imunológica periférica detectável e que a vacina preveniu, com alta eficácia, 97%, dos casos mais graves e que requerem atenção médica. Além disso, a segunda dose garantiu a neutralização da cepa original, ou seja, impediram a entrada do vírus nas células humanas, e neutralizaram parcialmente as variantes.
— O resultado do estudo mostra muito claramente que o processo de vacinação realizado tem sido muito eficaz na prevenção de doenças graves e morte, e que o nível de anticorpos sobe de forma muito significativa, principalmente no esquema de separação de um mês, é o que foi finalmente escolhido — disse o reitor, Ignacio Sánchez.
O estudo também mostrou que os níveis de anticorpos continuam elevados, mas que, na medição de seis meses, foi detectado a queda na quantidade de anticorpos e na imunidade celular.
— Essa queda é significativa, porém se mantém em níveis muito elevados com relação ao início da vacinação. Esses achados vão no sentido de que uma dose de reforço seja recomendada, que na grande maioria dos casos seria uma terceira dose. Essa seria a sugestão que a UC daria ao Ministério da Saúde e às comissões consultivas — destaca Sánchez.
Alexis Kalergis, líder do estudo, acrescentou que, apesar dos bons resultados, “a diminuição natural dos anticorpos após a vacinação evidencia a necessidade de fortalecer a imunidade com doses de reforço para compensar e potencializar a neutralização do vírus”.
Conforme a UC, evidências disponíveis até agora mostraram que a variante Delta seria mais contagiosa do que o vírus original, no entanto, a CoronaVac ainda teria essa capacidade.
— Os resultados preliminares de nossos colaboradores na China indicam que os anticorpos podem neutralizar essa variante, mas em menor grau. Nós da UC observamos por meio de testes in vitro que a neutralização contra uma variante equivalente ao Delta seria reduzida em pelo menos quatro vezes em comparação com a capacidade da cepa viral original — explicou Susan Bueno, diretora Científica do estudo.
De acordo com o Estadão, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, que produz a vacina no Brasil, informou, no dia 8 de julho, que a possibilidade de uma dose de um reforço anual é avaliada, porém, que isso não deve ser confundido com uma terceira dose.