O atendimento especializado a pessoas que ficaram com sequelas da covid-19 em Porto Alegre já começou a operar, mas ainda com pouca procura, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). No momento, estão sendo oferecidas 10 consultas por semana em um dos dois ambulatórios que contam com o serviço, e ainda não houve demanda para ser criada fila de espera. Mas a oferta de consultas nesse espaço deve dobrar no próximo mês.
Na segunda-feira (5), a prefeitura de Porto Alegre inaugurou esse serviço de atendimento especializado para pessoas que tiveram a doença, são consideradas curadas, mas ficaram com danos à saúde que precisam ser tratados. A ação conta com dois ambulatórios, um no Centro de Saúde IAPI e outro no Hospital de Clínicas.
A previsão é de que, a partir de agosto, a equipe do ambulatório do IAPI, composta no momento somente por funcionários da prefeitura, passe a contar com professores e estudantes da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e da Unisinos.
— Isso agrega um corpo de recursos humanos bem importante ao ambulatório e, por isso, conseguiremos aumentar a oferta de consultas, no mínimo, dobrar — projeta Caroline Schirmer, diretora de Atenção Primária em Saúde de Porto Alegre.
Se a demanda de pacientes aumentar significativamente, a prefeitura estuda ainda a possibilidade de abrir mais um espaço para atendimento a quem ficou com sequelas da covid-19.
— Temos plano de montar um outro ambulatório pós-covid em um espaço na região da Cruzeiro, que pode vir a ser executado. Mas primeiro precisamos avaliar se realmente há demanda por essa especialidade — afirma Caroline.
Como buscar atendimento
Porto Alegre tem, atualmente, dois ambulatórios pós-covid. São tratados no IAPI pacientes de menor complexidade, que são beneficiados pelas especialidades de enfermagem, nutrição, fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, fisiatria, educação física e acupuntura. Já o Hospital de Clínicas trata sequelas de maior complexidade, como as que dependem de exames de tomografia e de outras terapias que só uma instituição desse porte oferece.
O paciente é recebido no ambulatório pós-covid do IAPI somente após ter sido encaminhado por uma unidade básica de saúde ou pelo hospital onde foi atendido. A primeira consulta de avaliação é feita com uma enfermeira, responsável por identificar a demanda do paciente e criar um plano de cuidado, que pode incluir sessões de fisioterapia, consultas com nutricionistas e outros. O próprio Hospital de Clínicas já retém parte da demanda por cuidados mais complexos entre seus pacientes, mas indivíduos triados no IAPI também poderão ser encaminhados para o ambulatório do hospital.
De acordo com a diretora de Atenção Primária em Saúde, a sequela observada com maior frequência é a respiratória, mas também são muitos os casos de dificuldades para engolir e de impactos psicológicos.
— A maior sequela acaba sendo a respiratória. Mesmo já tendo passado do pico da doença, muitos pacientes ainda ficam com bastante dificuldade de respiração, até para fazer caminhadas. Também para isso é importante o trabalho do educador físico, para colaborar com a retomada à rotina. A parte da nutrição também tem se destacado, pois pacientes que tiveram que ser traqueostomizados tendem a ter dificuldade de deglutição — afirma Caroline.