Em entrevista ao programa Faixa Especial da Rádio Gaúcha, o diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, comentou, na noite deste domingo (11), a decisão da Conmebol que autoriza retorno de público a partir das oitavas de final da Libertadores e da Copa Sul-Americana. Na avaliação do epidemiologista, a decisão é precoce e requer cautela. O comunicado da confederação ocorreu um dia depois de Brasil e Argentina terem decidido o título da Copa América, no Maracanã, com a presença de torcedores convidados.
— Tenho muito medo dessa nova variante (Delta, originária da Índia e considerada mais contagiosa). Eu esperaria os próximos dias para ver como vai. Já temos transmissão comunitária em alguns Estados do Brasil da variante Delta. Eu correria com vacina por pelo menos 30 dias para a gente poder pousar com mais segurança. Acho precoce — disse o diretor.
Ritter afirmou que, em caso de votação, se colocaria contra as partidas com público no atual estágio da pandemia. E citou uma série de cuidados e protocolos que deverão ser fundamentais em caso de retorno do público aos estádios:
— Se tiver que fazer uma votação, meu voto é não para este momento. Se decidirem por sim, vamos exigir todos os cuidados de distanciamento, uso de álcool gel, verificação de sinais de sintomas e talvez até testagem. Faço o paralelo do controle sanitário que fizemos no aeroporto, onde testamos 6,2 mil pessoas e 55 deram positivo. Quase que a totalidade dessas pessoas estavam sintomáticas. Então, uso de máscara com proteção tripla é fundamental, ou N95 ou PFF2. Se for liberado, temos como mitigar isso com barreira, distanciamento. Não dá pra pensar que vamos encher Arena ou Beira-Rio como era antes, vamos devagar.
Segundo o protocolo divulgado pela Conmebol, os clubes poderão contar com a torcida em seus estádios desde que sejam respeitadas as normas sanitárias das cidades-sede. São quatro recomendações para o cálculo: duas envolvendo 50% da capacidade, outra para 35% e uma complementar com apenas 25%. No entendimento da entidade, "o retorno gradual do público é essencial para o desenvolvimento do futebol sul-americano".
O diretor opinou ainda que, se comparadas ao futebol, há atividades econômicas mais relevantes, como comércios e restaurantes — e que estão trabalhando com distanciamento seguro e cuidados sanitários —, que já poderiam ter avanços nos seus protocolos:
— Tem atividades econômicas muito mais essenciais, que acho que a gente pode avançar, aumentar capacidade, de pessoas dentro de espaços, como restaurantes, comércios e outros, que estão fazendo um trabalho excelente de uso de máscara, álcool gel. E aí não vou levar em consideração os que não fazem direito. O maior prejudicado é o próprio comerciante.
Procurados por GZH, o Grêmio optou por não se posicionar neste domingo e o Internacional informou que pretende se manifestar na segunda-feira (12). O governo do Estado aguarda ser informado oficialmente para tratar do assunto.