O rígido lockdown adotado no ano passado fez com que a Austrália controlasse os contágios pelo coronavírus e a máscara virasse uma medida secundária. Vivendo há três anos em Sydney, a gaúcha Cristiane Kolling, 36 anos, natural de Dois Irmãos, só coloca o acessório para ir ao serviço — isso porque a empresa para a qual trabalha, uma terceirizada contratada para desinfetar o transporte público, quer que os funcionários deem o exemplo e tapem boca e nariz em lugares fechados.
Mas, nas ruas, são poucas as pessoas que ainda circulam de máscara. Segundo Cristiane, o país nunca obrigou a população a utilizá-la. Em momentos de alta taxa de contágio, como no fim do ano passado, entre as festas de Natal e Ano-Novo, recomendou o uso nos supermercados, nos ônibus e nos trens. Mas também fechou os estabelecimentos e proibiu que as pessoas visitassem umas às outras, incentivando inclusive a denunciar quem desrespeitasse as regras. Hoje, segue com as fronteiras aéreas e terrestres bloqueadas, permitindo somente viagens entre os Estados.
Na visão de Cristiane, foi impondo um forte isolamento social, e não obrigando o uso de máscara, que a Austrália conseguiu vencer a pandemia. O que, em sua visão, é um comportamento oposto ao adotado no Brasil.
— No Brasil, as pessoas não mudaram os hábitos. Fazem de tudo, mas com máscara. Aqui, tudo parou. Não teve aglomeração. Não podia fazer nada nem receber ninguém. Houve disciplina. A máscara foi um plus, e não a medida principal. Nós fizemos isolamento social — conta ela.
Com familiares e amigos morando em sua terra natal, a gaúcha demonstra receio caso os brasileiros fiquem desobrigados de usar a máscara. Embora seja a medida de proteção que menos aderiu durante toda a pandemia na Austrália, ela acredita que é a única que ainda tem aceitação no Brasil.
— Parece que, no Brasil, nada mudou além da máscara. A máscara é a única coisa que funciona aí — reflete.