Municípios gaúchos de pequeno e médio porte devem aplicar em junho a primeira dose em todos os grupos prioritários da campanha de vacinação contra o coronavírus, de acordo com o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS), Maicon Lemos.
— Junho é um mês em que o Ministério da Saúde tem programação de entrega de vacina muito grande. Todos os municípios deverão concluir o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, porque o quantitativo de vacinas é suficiente para isso — afirmou Lemos, que é secretário da Saúde de Canoas, a GZH.
Grandes municípios, como Porto Alegre e Caxias do Sul, não devem concluir a vacinação dos grupos prioritários em junho porque possuem grande contingente de habitantes nessas faixas e ainda aplicarão, concomitantemente, doses na população no geral abaixo dos 60 anos, de acordo com orientação do Ministério da Saúde, que permite agora duas filas simultâneas de vacinação – grupos prioritários e população no geral.
Há 28 grupos prioritários no Plano Estadual de Vacinação, elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) com base nas diretrizes do governo federal. Neste momento, municípios vacinam o 19º e o 20º – professores da educação básica e pessoas em situação de rua – enquanto avançam para a população no geral abaixo dos 60 anos.
A seguir, entram professores universitários, população privada de liberdade, funcionários do sistema penitenciário, forças da segurança, Forças Armadas, caminhoneiros, trabalhadores do transporte coletivo, metroviários, ferroviários, funcionários do sistema aéreo, do transporte aquaviário e trabalhadores industriais.
No entanto, Lemos destaca que grande parte dos municípios não têm militares ou trabalhadores de metrô, trem e aeroporto. Da mesma forma, há cidades com pouquíssimos operários de indústria ou de ônibus, o que permitirá finalizar a vacinação dos grupos prioritários e avançar para a população no geral.
— Nem todos os municípios têm os próximos grupos prioritários. Em Canoas, tenho Forças da Segurança, mas muitos municípios não têm base da Aeronáutica, Marinha e Exército. Muitos, depois de vacinarem os professores, já vão começar a vacinar a população com 59 anos sem comorbidades. Até o fim de junho, devemos chegar aos 50 anos, talvez 49 — afirmou o presidente do Cosems-RS.
Na capital gaúcha, por exemplo, há cerca de 100 mil pessoas a serem vacinadas nos grupos prioritários, segundo estimativa do Plano Municipal de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
O diretor da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre, Fernando Ritter, declarou a GZH que a prefeitura pretende, em junho, vacinar todos os professores da educação básica de escolas públicas e privadas e iniciar a imunização de docentes universitários. Em setembro, espera atingir a imunidade de rebanho.
O avanço na campanha de vacinação contra a covid-19 se deve ao maior número de vacinas a serem repassadas aos Estados neste mês, à inclusão do imunizante da Pfizer e a permissão para armazená-lo por 31 dias entre 2ºC e 8ºC, algo essencial para cidades do Interior, destaca Maicon Lemos.
— A vacina da Pfizer está relacionada ao avanço da vacinação no país. E isso de poder ficar 31 dias entre 2º e 8 graus é muito positivo. Se não fosse autorizada a conservação da Pfizer assim, não conseguiríamos atender a essa nova etapa, porque nem todos os municípios tinham condições de armazenar no cenário anterior. Se não tivermos problemas na distribuição de doses daqui para a frente, devemos chegar à quase imunidade de rebanho em setembro — afirma o presidente do Cosems-RS.
O avanço da campanha se dá com o maior repasse de doses de farmacêuticas ao governo federal. Cronograma do Ministério da Saúde prevê 43,8 milhões de doses neste mês para todo o Brasil, 11,5 milhões a mais do que em maio.
O carro-chefe serão as 20,9 milhões de vacinas de Oxford/AstraZeneca/Fiocruz e, em segundo lugar, as 12 milhões de doses da Pfizer. Também há previsão de 6 milhões de doses da CoronaVac e outras 4,89 milhões do convênio Covax Facility, gerenciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como o Rio Grande do Sul costuma receber entre 5% e 6% do total de doses de cada lote, a expectativa é de que cheguem cerca de 2,6 milhões de doses em junho para a primeira e segunda aplicações, cerca de meio milhão a mais do que em maio.