Apesar de sucessivos atrasos no cronograma de imunização contra o coronavírus, o Conselho das Secretarias Municipais do Rio Grande do Sul (Cosems-RS) prevê a aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 em todos os 2,1 milhões de idosos do Estado até o final de abril. Essa meta enfrenta obstáculos como a necessidade de elevar em quase 60% o ritmo diário de pessoas beneficiadas registrado em março.
No momento, a maior parte das cidades gaúchas está oferecendo as injeções à população de 65 anos ou mais, e, conforme o Cosems-RS, algumas localidades menores já conseguiram abranger a faixa etária dos 64 anos.
— Temos convicção de que, até o final de abril, vamos vacinar todos os idosos com 60 anos ou mais com a primeira dose. Não temos a previsão exata das próximas remessas do Ministério da Saúde, mas semanalmente têm sido enviadas doses suficientes para estabelecermos essa meta — afirma o presidente do Cosems-RS e secretário da saúde de Canoas, na Região Metropolitana, Maicon Lemos.
Não será fácil. O Estado tem cerca de 2,1 milhões de idosos, dos quais 854,9 mil já foram contemplados com pelo menos uma aplicação até esta segunda-feira (5). Faltariam, assim, 1,28 milhão a serem atendidos. Considerando-se uma janela de 26 dias até o final do mês a contar desta segunda, seria preciso imunizar, em média, 49,5 mil pessoas por dia.
Isso fica 59,7% acima da média verificada em março, que foi de 31 mil aplicações diárias, mas bem abaixo da capacidade do sistema de saúde gaúcho. O recorde na oferta de vacinas contra a covid ocorreu em 25 de março, quando foram contemplados 67,4 mil integrantes de grupos prioritários (o painel da Secretaria Estadual da Saúde indicava um número inferior anteriormente, atualizado com registros represados).
Isso significa que o cumprimento da previsão vai depender da ampliação das cargas enviadas regularmente pela União — lembrando que ainda seria necessário dar conta da dose de reforço para parte da população. A média diária de imunizações vem aumentando a cada mês no Estado, conforme cresce a disponibilidade de imunizantes: ficou em 13 mil em janeiro, 14 mil em fevereiro e mais do que dobrou em março.
— Essa expectativa (de vacinar os idosos neste mês) existe, a questão é se será possível cumpri-la de fato. Isso vai depender do Ministério da Saúde, que por sua vez depende do cumprimento dos cronogramas de entrega por parte dos laboratórios. Isso tem sido frequentemente revisado para baixo, enquanto cada faixa etária mais jovem inclui um maior volume de gente — afirma a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Tani Ranieri.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, promete o despacho de 30 milhões de doses para todo o país ao longo de abril. Se for mantida a fatia aproximada de 6% que costuma ser despachada aos gaúchos, o Estado poderia contar com 1,8 milhão de aplicações em abril, ou 60 mil ao dia.
Conforme a SES, a carga de 645 mil doses recebida por último, a maior já distribuída ao Estado, ainda corresponde à planilha de entregas federais do mês de março, embora esteja sendo aplicada agora à população. Assim, ainda haveria cerca de 1,8 milhão a receber.
Segundo Lemos, a prioridade concedida a integrantes de forças de segurança não chega a provocar impacto significativo no cronograma de vacinação dos demais grupos no Estado. Cerca de 29 mil policiais e outros agentes passaram à frente na fila — abaixo da média de um dia de imunizações no Rio Grande do Sul pelos dados de março.