Em entrevista coletiva realizada no final da manhã deste sábado (3), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que foi dado mais um passo na parceria com o ministro da Defesa, Braga Netto, para a mobilização das Forças Armadas para acelerar a campanha de vacinação contra a covid-19 no Brasil. Além disso, ele prometeu 30 milhões de doses de vacinas para abril, produzidas no Instituto Butantan e pela Fiocruz, e reforçou o compromisso de vacinar 1 milhão de brasileiros diariamente ao longo do mês. Também pediu à população que leve a sério as medidas de higiene das mãos, uso de máscara e distanciamento social.
Queiroga recebeu a imprensa ao lado da diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, Socorro Gross, e comentou sobre a reunião ocorrida com o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. O ministro pontuou que não é somente o Brasil que enfrenta dificuldade na aquisição de imunizantes contra a covid-19.
Queiroga ressaltou que o país conta com duas indústrias produtoras de vacinas, o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o que deixa o Brasil apto a produzir imunizantes:
— Em abril, a meta é que consigamos permanecer todos os dias com (a aplicação de) 1 milhão de doses. Para isso, temos a Fiocruz e o Butantan assegurando 30 milhões de doses em abril. Procuramos importações de vacinas prontas como da Covax Facility. Fizemos um aporte de U$S 150 milhões para garantir vacina para 10% da nossa população. Discutimos ainda com a OMS a possibilidade de assegurar mais imunizantes nos próximos três meses para acelerar nosso programa de vacinação. O nosso sistema de saúde tem capacidade de vacinação, mas ele está ocioso por falta de vacina.
Queiroga levantou ainda a possibilidade de adaptar fábricas de vacinas para animais no esforço de acelerar a produção de imunizantes contra a covid-19. E destacou que a Fiocruz tem conversado com a AstraZeneca para a produção de um ingrediente farmacêutico ativo (IFA) nacional, que daria mais autonomia ao país.
Sem lockdown
Queiroga afirmou ainda que a "ordem" é evitar a política de lockdown, mas ponderou que é preciso "fazer o dever de casa".
– Nós estamos trabalhando sim com protocolos para orientar a população brasileira, sobretudo os que usam transporte público, para fazer isso de forma mais ordenada, a fim de evitar fechamento da nossa economia. "Precisamos nos organizar para que evitemos medidas extremas e consigamos garantir que pessoas continuem trabalhando e ganhando seu salário, deixando situações extremas para outro caso. Então evitar lockdown é a ordem, mas temos que fazer nosso dever de casa, e dever não é só do governo federal, estadual ou municípios. É de cada um dos cidadãos – sustentou ele, repetindo o apelo para que a população use máscara de proteção, faça a higiene das mãos e não promova aglomerações.
Socorro Gross afirmou que é necessário respeitar as regras básicas de controle do coronavírus e convocou a parcela jovem da população para ser mais cuidadosa:
— Precisamos ganhar tempo até que a produção internacional de vacinas possa chegar ao Brasil. Como a produção não tem dado conta da demanda, precisamos cuidar das nossas pessoas. Esse é um momento que requer união. Não tem como diminuir a transmissão do vírus se não usarmos máscara, não lavarmos as mãos e não praticarmos o isolamento social. Precisamos evitar as aglomerações, e o jovens têm grande responsabilidade de cuidar dos mais vulneráveis. O Brasil tem que mostrar união para fazer a pandemia mudar de rumo.