O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou nesta quarta-feira (21), em coletiva de imprensa, que o Brasil deve concluir a imunização contra a covid-19 dos grupos prioritários somente em setembro. Esse público reúne idosos, profissionais da saúde, portadores de comorbidades, forças de segurança, professores, entre outros, e soma 77,2 milhões de pessoas, ou 36% da população.
O atraso já era previsto por especialistas. A previsão anterior, dada pelo então ministro Eduardo Pazuello em março, era finalizar em maio a vacinação do grupo prioritário.
Queiroga credita o atraso de quatro meses na previsão à demora das entregas dos laboratórios produtores das vacinas e à frustração do calendário proposto pelas empresas. Até agora, 24,8 milhões de habitantes foram vacinados com a primeira dose e 9 milhões com a segunda dose no país.
— O calendário é sujeito às entregas. Primeiro, a Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial da Saúde, que é referida com padrão de excelência. A Covax não nos entregou o que foi acordado. Há também uma carência de outros insumos, não é uma questão do Brasil, é uma questão mundial. Não ter atingido a meta se deve a esses aspectos, aos aspectos regulatórios. O Ministério da Saúde não vai colocar vacinas que não forem aprovadas pela Anvisa, é uma questão legal — explicou Queiroga aos jornalistas, salientando que, mesmo com o atraso, o Brasil é o quinto país que mais vacina.
Entre quinta-feira (22) e sexta-feira (23), o Ministério da Saúde entregará mais 3,4 milhões de doses de vacinas aos Estados. Ao todo, 53,6 milhões de doses já foram distribuídas, mas apenas 33,8 milhões foram aplicadas na população. Isso porque há reserva de doses feita pelos Estados para a segunda aplicação em quem já tomou a primeira. O governo brasileiro também espera para a próxima semana a entrega de 1 milhão de doses de vacinas da Pfizer. Apenas capitais vão receber esse imunizante, já que os frascos precisam ser acondicionados em temperaturas que apenas freezers especiais podem proporcionar.
Durante a coletiva de imprensa, Queiroga informou que está abrindo pregão eletrônico sem fixação de preço para aquisição de medicamentos do chamado kit entubação, que inclui sedativos e bloqueadores neuromusculares usados em pacientes que precisam de respiração artificial durante a internação. Os medicamentos estão em falta em diversos hospitais do país. Segundo o ministro, a Espanha doará, na próxima semana, mais 80 mil medicamentos desse tipo.
Sobre o tratamento contra covid-19 que foi aprovado na terça-feira (20) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Queiroga informou que demandou à Conitec, comissão ligada ao Ministério da Saúde que estuda a inclusão de medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), que avalie a eficácia das drogas. O grupo, que é formado por técnicos de diversas áreas, vai analisar a qualidade da evidência científica do coquetel de anticorpos monoclonais aprovado, a eficácia e o seu custo-efetividade. O ministro não deu previsão de quando a Conitec terminará a análise nem previsão de quando o tratamento estará disponível no hospitais.