Nesta quarta-feira, 10 de março, faz um ano a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Rio Grande do Sul. No meio dos incontáveis números e histórias do ano que passou, GZH selecionou personagens marcantes retratados ao longo de 2020. Agora, eles nos contam como estão um ano depois, o que mudou nas suas vidas e como eles enxergam o período atual de crise na saúde. Conheça a história do casal Juliana Evangelista Montenegro Barbosa, 44 anos, e Guilherme Mallmann Lippert, 43, que trocaram a Capital pelo Litoral para escapar do avanço da pandemia.
Era 17 de março de 2020 quando a empresária assou a última fornada da sua fábrica de produtos sem glúten. No dia seguinte, ela e o marido carregariam o carro e partiriam para a casa em Atlântida, no Litoral Norte, sem data certa para voltar. Acostumados a passar somente os finais de semana de verão na praia, a esticada exigiu mudanças antes impensáveis na residência. No primeiro inverno no "novo" endereço, foi necessário fazer algumas adaptações para garantir o conforto.
— Nem passávamos as férias aqui, era só final de semana. Nunca pensei que precisaria ter de colocar uma coisa boba, um split em casa. Tivemos vários dias e noites com 7°C — relembra o advogado.
O retorno para Porto Alegre ocorreu quase três meses depois de fixarem residência no Litoral Norte, e veio da necessidade de Juliana atender seus clientes. Foi então que estabeleceram uma nova rotina, que permanece até hoje: pegam a freeway rumo à Capital nas segundas pela manhã e retornam para a praia, geralmente, nas quartas, a depender dos compromissos que tiverem a cumprir em Porto Alegre.
— Não tenho a necessidade de estar em Porto Alegre. Só tive que voltar para duas ou três reuniões presenciais — conta Lippert, que consegue manter sua rotina de trabalho por meio de ferramentas digitais.
Mesmo entre idas e vindas, o casal pôde aproveitar o primeiro veraneio sob a ótica de um morador da praia. A parte boa, observa o advogado, foi o rápido desenvolvimento da região, impulsionado pela debandada de diversas famílias. Ele destaca a melhoria nos serviços e ampliação da oferta de produtos nas gôndolas dos supermercados, tornando desnecessária a tradicional ida às compras antes de pegar a freeway. Por outro lado, lamenta o advogado, morar na praia chamou atenção para o descaso de muitos veranistas com os municípios:
— A maioria do pessoal se lixa para o que vai deixar aqui. Estão indo para um lugar, depois viram as costas e voltam para suas casas. Hoje eu entendo porque quando cheguei aqui ouvi de uma caixa no mercado: "Esse pessoal de Porto Alegre".
Entre os episódios recorrentes envolvendo veranistas, o advogado cita as festas registradas no Carnaval e o descumprimento do uso de máscaras.
A volta definitiva para Porto Alegre ainda não tem data estabelecida, no entanto, deve passar por mudanças, também: a estadia em uma casa acendeu o desejo de deixar o apartamento na Capital para investir em uma residência na Zona Sul. Enquanto mantêm a rotina na praia, vão planejando e organizando a esperada mudança de endereço. Mas isso, garantem, só quando o pior da pandemia tiver passado.
— Nas circunstâncias em que estamos agora (da pandemia), optamos por ficar aqui nesta semana — diz Lippert.