Nesta quarta-feira, 10 de março, faz um ano a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Rio Grande do Sul. No meio dos incontáveis números e histórias do ano que passou, GZH selecionou personagens marcantes retratados ao longo de 2020. Agora, eles nos contam como estão um ano depois, o que mudou nas suas vidas e como eles enxergam o período atual de crise na saúde. Conheça a história da enfermeira Raquel Stein Ferreira, 38 anos.
Profissional da UTI do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) desde 2010, ela nunca tinha visto nem vivido nada parecido com o que testemunha desde o ano passado. Trabalhou com medo e viu o empenho de todos os colegas para atender os pacientes com covid-19. Muitas vezes, essa entrega significa trabalho exaustivo, sem pausa para comer ou beber água.
— A gente está tentando fazer nosso máximo e mais. Mas saímos com o sentimento de que não demos o melhor, porque, infelizmente, muita gente está precisando de atendimento e não temos lugar, braço e perna para atender.
Atualmente, em um turno de seis horas diárias, Raquel conta que o tempo passa correndo. Além de participar das reuniões de discussão de casos, ela ainda auxilia os colegas nas manobras para pronar e supinar os pacientes (colocar de bruços e desvirar), procedimento desgastante e que requer, no mínimo, sete pessoas para executá-lo.
— Fazemos três ou quatro por plantão — enumera.
O mais duro da rotina, fala, não é nem a exigência física, mas, sim, a emocional. Assim como Marini, Raquel lamenta profundamente a distância que a covid-19 impõe, separando pacientes e família.
— É muito triste não poder ver a família, não poder se despedir. Mais triste é sair na rua e ver gente que não está dando importância. Que não usa máscara, não respeita o distanciamento. Todo mundo está preso em casa, cansado, estressado. Eu tive muita ansiedade, mas a gente tem que continuar. Aqui, um dá apoio para o outro. Em casa, família me dá muito apoio. É triste ir para casa pensando se está com o vírus e vai transmitir para os outros. Agora, tenho mais medo de estar na rua do que no hospital, em razão da falta de cuidado das pessoas.
Depois de um período menos dramático, 2021 começou exigindo mais e mais dos profissionais da saúde. Os desafios, desta vez, têm sido assistir idosos, indivíduos com comorbidades e ainda jovens adultos, entre 30 e 40 anos.