Em mais um esforço para ajudar hospitais gaúchos no enfrentamento à covid-19, o Exército entregou, nesta terça-feira (30), 84.346 ampolas de medicamentos que compõem o chamado kit entubação. O repasse, feito a 70 hospitais de 58 municípios do RS, é o maior desde o início da pandemia, conforme o governo gaúcho. A lista das instituições hospitalares que receberam os itens pode ser conferida neste link.
Foram distribuídos bloqueadores neuromusculares, sedativos e anestésicos, itens necessários em unidades de terapia intensiva (UTIs) para iniciar e manter o processo de ventilação mecânica. Parte do lote veio do Ministério da Saúde, e outra parte foi adquirida pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). A distribuição foi feita com base em relatório semanal feitos pelos hospitais, que informam sobre o nível dos estoques.
Ainda assim, a situação nas instituições é preocupante. Segundo a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul, a média de duração dos estoques é de cinco dias. Assim, a chegada dos novos medicamentos ameniza a crise, mas não resolve o problema:
— Estamos passando por uma falta sistemática em todo o país e por um aumento geral no consumo. Esta chegada de medicamentos nos ajuda a dar uma respirada, mas não resolve o problema — lamenta a diretora-geral da federação, Vanderli de Barros, também administradora do Hospital Vida e Saúde, de Santa Rosa.
Conforme Vanderli, os últimos dias tem sido tensos, com ligações frequentes entre os hospitais tentando empréstimos ou trocas de medicamentos. Além de haver dificuldade de entrega por parte das empresas, o número de pacientes em UTIs segue alto:
— O pessoal está trabalhando com protocolos e com produtos similares quando é possível fazer a troca, mas, no caso de relaxantes musculares, é difícil de trocar. Todos os que têm a mesma composição começam a diminuir nos estoques. Estamos passando por um momento muito difícil e por uma gestão de alto stress.
A federação tenta importar medicamentos de outros países, como Uruguai e Turquia. A responsabilidade da compra dos medicamentos é das instituições hospitalares. No entanto, devido à dificuldade, o governo do Estado e o Ministério da Saúde se articularam para, excepcionalmente, fazer a compra e a distribuição aos hospitais que apresentam estoques críticos.
Procurada na manhã desta quarta-feira (31), a SES informou que vem trabalhando para minimizar o impacto da falta dos medicamentos e que está em andamento um novo processo de aquisição dos itens do kit entubação. Além disso, a pasta trabalha na importação de remédios por meio da Organização das Nações Unidas (ONU).
Leia, na íntegra, a nota da Secretaria Estadual de Saúde
"A SES vem fazendo monitoramento semanal dos estoques e do consumo médio mensal dos 22 medicamentos do chamado “kit entubação”. A informação é preenchida por farmacêuticos que atuam nos hospitais.
Diante disso, a SES vem monitorando desde o dia 3 de junho, com o intuito de informar ao CONASS bem como ao Ministério da Saúde a situação dos estoques no RS, visto que a falta desses medicamentos nos hospitais tem alcançado uma proporção nacional.
A aquisição destes medicamentos, assim como gases medicinais e outros materiais e insumos são realizados pelos próprios hospitais.
O governo do Estado vem fazendo todas as articulações necessárias e possíveis para minimizar o impacto da falta deste rol de medicamentos para atendimento aos pacientes e frente a atual situação de risco de desabastecimento, relatado pelos hospitais.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) busca constantemente alternativas para auxiliar os hospitais quanto à manutenção da assistência adequada aos pacientes. Desta forma, além da participação nos pregões realizados pelo Ministério da Saúde e compras já realizadas em 2020, está em andamento um novo processo de aquisição de medicamentos do chamado “kit entubação”, como alternativa para minimizar os riscos de desabastecimentos dos hospitais que estão com dificuldade de manter seus estoques.
A SES também trabalha na importação de medicamentos através da Organização das Nações Unidas (ONU)."