Desde o início de março, as instituições de saúde do Rio Grande do Sul estão sendo orientadas a informar à Secretaria Estadual da Saúde (SES) o número de profissionais afastados por suspeita ou confirmação de coronavírus. Até o momento, chama atenção o baixo número de notificações recebidas pela SES. No período que compreende a semana de 17 a 23 de março, apenas 163 hospitais e UPAs responderam formulário sobre o assunto, número que equivale a 49,2% do total das instituições de saúde.
Os dados são importantes para nortear os investimentos em saúde, conforme destaca a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Cynthia Molina Bastos.
— As notificações servem para gerar dados que orientam o investimento em políticas públicas. Ausência de notificação gera um prejuízo para o próprio estabelecimento porque um investimento pode acabar sendo feito em um outro local ou de um jeito que não é o melhor, devido a informações imprecisas. É um prejuízo próprio — destaca Cynthia.
Um motivo que pode estar levando as instituições a não repassarem os dados é o momento atual da pandemia e a sobrecarga de trabalho. Para o responsável pelo Controle de Infecções do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, Gilmar Felario Junior, a burocracia do sistema pode ser determinante no repasse dos dados.
— Muitas vezes, eu pego os dados do colaborador e, na hora de preencher o formulário, não entendo o CPF, por exemplo. Aí preciso parar tudo, buscar a ficha do colaborador e, às vezes, mesmo assim não consigo concluir — diz.
Junior acredita que isso também pode fazer com que haja subnotificação de casos.
A SES tem reforçado junto às instituições de saúde a importância do envio de informações para assegurar dados mais próximos da realidade e que possam subsidiar o planejamento de ações.
Profissionais afastados
Dos 94.104 trabalhadores dos estabelecimentos de saúde que notificaram a SES, apenas 1.387 se afastaram do serviço entre 17 e 23 de março. A quantidade representa 1,5% dos profissionais dessas instituições. Os dados foram fornecidos por hospitais públicos e privados.
As notificações dizem respeito a técnicos e auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos, profissionais de higienização e de outras ocupações.