A prefeitura de Bagé passou a imunizar agentes funerários com a primeira dose das vacinas para o coronavírus, junto aos idosos acima de 67 anos. A categoria não é considerada prioritária no Plano Nacional de Imunizações (PNI).
De acordo com o prefeito Divaldo Lara, estão sendo utilizadas sobras das vacinas para imunizar este público que ele considera de risco por de estarem em contato com pessoas infectadas e também com familiares de vítimas de outros tipos de doenças.
— Os agentes funerários são grupos de risco e linha de frente. São diretamente ligados aos hospitais. Transportam e sepultam pacientes com covid-19, mas também pessoas que morrem com de outras enfermidades. Eles podem ser vetores da doença - justifica Lara.
Até o momento já foram vacinados cerca de 15 agentes funerários e até o final desta semana o grupo de 30 profissionais deve estar 100% imunizado. De acordo com Lara, as 23 Unidades Básicas de Saúde da Cidade receberam uma lista com os dados de todos os agentes que trabalham na cidade. Bagé espera alcançar, até o final desta semana, a marca de 20 mil doses aplicadas.
Na última semana, o prefeito já havia alterado o cronograma de vacinação da cidade e incluído os servidores da segurança pública no grupo prioritário. A atitude do gestor causou questionamento por parte da Secretária Estadual da Saúde e o Ministério Público foi acionado.
Quando o prefeito decidiu incluir profissionais da segurança no grupo prioritário, quase metade dos agentes penitenciários estavam afastados. Lara justifica que se não tivesse tomando uma atitude, a segurança da cidade entraria em colapso.
— Quem está preso já está em lockdown. Os presos não podem receber visitas. Os contaminadores são os trabalhadores que entram e saem dos presídios. Quando se imuniza está categoria, se protege todo mundo.
Bagé já aplicou a primeira dose em 100% dos servidores da segurança pública. O prefeito reconhece que não está cumprindo com o PNI, mas diz que não irá mudar a conduta e considera que o programa não esteja adequado à realidade que enfrentamos. Lara também faz críticas à forma que o Estado está conduzindo a vacinação.
— Na minha opinião, o Estado do Rio Grande do Sul está atrasado em relação à vacinação dos trabalhadores de segurança pública porque ainda não agiu de forma efetiva e clara - argumenta o prefeito de Bagé.
Questionada pela reportagem, a Secretária Estadual de Saúde informou que Estado e municípios não têm autonomia para mudança de grupos e que isso vale para todos os entes, que se responsabilizam por suas ações. No final da tarde, porém, o governo estadual decidiu que parte das doses da próxima remessa vai para os profissionais da segurança.
Quanto às sobras de vacinas, o Estado diz que devem ser utilizadas dentro dos grupos prioritários. É compromisso do serviço utilizar em até seis horas todo o conteúdo após abrir o frasco, que deve ser utilizado no grupo prioritário que está no momento.
O Ministério Público não fala sobre os casos isoladamente, mas está investigando todas as alterações e mudanças no plano de imunização do município de Bagé.