Pode-se estranhar e confundir com falta de higiene, mas é assim mesmo: o profissional de saúde que aplica a vacina contra a covid-19 não precisa usar luvas cirúrgicas, à exceção de situações bem específicas.
Essencial é manter as mãos muito bem limpas, passando álcool gel entre o atendimento de um paciente e outro e lavando-as com a água e sabão a cada cinco pessoas imunizadas.
A enfermeira sanitarista Fátima Virgínia Siqueira de Menezes Silva, membro da Câmara Técnica de Atenção Básica do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), explica que o ambiente e os materiais utilizados necessitam ser previamente esterilizados. O profissional responsável por dar as injeções deve estar com as mãos limpas. De toda forma, ele não toca no líquido da vacina, somente na ampola que contém a dose e na seringa.
Fátima alerta que as luvas dão uma falsa sensação de proteção, além de inviabilizarem uma campanha como a que está começando no mundo inteiro atualmente.
— Imagina trocar a luva a cada paciente que for receber a vacina? — questiona a enfermeira.
Esse equipamento de proteção individual (EPI) só precisa ser utilizado se o profissional tiver lesões de pele ou quando o paciente apresentar ferimento no braço.
— Caso seja necessária, a luva tem que estar disponível — explica Fátima.
O Cofen segue diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS), que orienta a utilização de luvas apenas se houver irritação, corte, erupção ou outro tipo de machucado na pele do aplicador.
Para a população em geral, também não se incentiva a utilização de luvas descartáveis, pelo mesmo motivo — a pessoa pode se sentir falsamente segura e se descuidar, tocando o rosto com as mãos sujas. Luvas só são indicadas, conforme a integrante do Cofen, para a realização de atividades específicas, com a rápida retirada na sequência.
Importante
O profissional deve higienizar as mãos com álcool gel 70% a cada aplicação de vacina. Toda vez que completar cinco injeções, as mãos precisam ser lavadas com água e sabão.
EPIs recomendados aos profissionais de saúde nos locais de vacinação
Para acolhimento e triagem do público
- Máscara cirúrgica (trocada a cada duas horas ou sempre que estiver úmida ou suja)
- Protetor facial (face shield) ou óculos de proteção
- Avental descartável (um por dia ou com trocas em situações excepcionais). Avental de tecido deve ser higienizado diariamente pelo serviço de saúde, evitando que o profissional leve a peça para casa
Para vacinação do público
- Máscara cirúrgica (trocada a cada duas horas ou sempre que estiver úmida ou suja)
- Protetor facial (face shield) ou óculos de proteção
- Avental descartável (um por dia ou com trocas em situações excepcionais). Avental de tecido deve ser higienizado diariamente pelo serviço de saúde, evitando que o profissional leve a peça para casa
- Luvas: somente em situações específicas, como quando o vacinador tiver lesões cutâneas ou o paciente apresentar ferimento no local de aplicação da injeção. Outro indicativo de uso é para o caso de haver contato com fluidos corporais do paciente. Se utilizadas, as luvas precisam ser trocadas entre cada pessoa atendida, com a adequada higienização das mãos.
- Máscaras dos tipos PFF2 ou N95 são recomendadas para ambientes sem ventilação ou circulação de ar adequadas, no trato com pacientes institucionalizados ou confinados (casas geriátricas ou presídios) ou com risco de disseminação de aerossóis (micropartículas de saliva ou secreção respiratória que ficam mais tempo suspensas no ar).
Fonte: Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)