O governador Eduardo Leite assinou nesta terça-feira (26), em São Paulo, documento em que manifesta o interesse do governo do Rio Grande do Sul em adquirir doses da vacina Sputnik V, feita na Rússia pelo Instituto Gamaleya. Leite tem a intenção de comprar doses desse imunizante caso ele seja autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e se o Ministério da Saúde não incluir o produto no Plano Nacional de Imunização.
— Temos preocupações no ritmo e no fluxo que se dará a liberação (das vacinas) para os Estados. Tendo no território nacional uma empresa com a respeitabilidade que tem a União Química, com toda a estrutura e condições de produzir rapidamente o número de doses que falamos aqui, nós temos interesse em acessar essas vacinas — informou o governador.
A Sputnik V ainda não tem aprovação para uso emergencial no Brasil, já que ainda não realiza testes do imunizante no país. Técnicos da Anvisa se reuniram na segunda-feira (25) com representantes da União Química, que planeja fabricar a vacina russa no Brasil. Durante o encontro, a equipe da agência detalhou para a empresa quais informações devem ser apresentadas para dar seguimento ao pedido de anuência de condução de ensaios de fase 3.
Segundo a Anvisa, os requisitos para os estudos clínicos são os mesmos exigidos anteriormente para as outras quatro pesquisas de vacinas autorizadas em 2020, e também são semelhantes aos dos Estados Unidos, do Reino Unido, dos países membros da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). A farmacêutica indicou que deve começar o envio dos documentos necessários para que a Anvisa avalie o pedido de pesquisa clínica.
Nesta terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski deu prazo de cinco dias para que a União Química detalhe “as providências já empreendidas e as exigências técnicas ainda pendentes de cumprimento, assim como o tempo e a forma como pretende atendê-las” para solicitar, finalmente, o uso emergencial do imunizante no Brasil. Lewandowski quer saber também qual a capacidade da União Química de produzir a vacina Sputnik V no país ou de importá-la da Rússia, caso venha a ser contemplada pela Anvisa com a autorização emergencial.
Esse processo diz respeito a um pedido do governo da Bahia de comprar a vacina russa mesmo sem o aval da Anvisa, contando apenas com a aprovação dela em outros países, como a Argentina.
Quem pode se vacinar
Com o número bastante reduzido de doses disponíveis no Brasil neste primeiro momento da fase 1 do Plano Nacional de Imunização (6 milhões em todo o país, 340 mil no RS), a prioridade para receber as doses é dos profissionais da saúde que atuam no atendimento de pacientes com coronavírus, idosos que vivem em lares de longa permanência ou acima dos 75 anos e indígenas. Ainda não há vacinação aberta em postos de saúde para demais pessoas previstas nos grupos prioritários.