O Brasil começou a produzir em território nacional doses da vacina russa contra a covid-19, a Sputnik V, segundo Kirill Dmitriev, presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês). O uso do imunizante ainda não foi autorizado no país.
De acordo com Rogério Rosso, diretor de negócios internacionais do Grupo União Química, a produção foi iniciada com um lote-piloto de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), o princípio ativo do imunizante. Ele afirma que será possível produzir 8 milhões de doses por mês no país, assim que a planta da farmacêutica em Brasília, a Bthek, estiver operando em capacidade máxima.
Na manhã de quinta-feira (21), Dmitriev anunciou que pretende resolver as questões pendentes para aprovação da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) "nas próximas semanas". A expectativa é aumentar o nível de produção ainda em fevereiro.
Hoje, o país não tem doses suficientes de IFA para dar continuidade à vacinação com o imunizante produzido pelo Instituto Butantan/Sinovac nem com o da Universidade de Oxford/AstraZeneca. O governo federal se apressa, no momento, para importar esse insumos da China e da Índia.
Representantes do Grupo União Química se reuniram com diretores da Anvisa para falar sobre o uso emergencial da Sputnik V no Brasil. Na semana passada, a farmacêutica protocolou na agência um pedido para a utilização de 10 milhões de doses no país — quantidade que a empresa pretende distribuir ainda no primeiro trimestre deste ano.
No último sábado (16), contudo, a Anvisa rejeitou o pedido enviado na véspera, alegando que o documento não cumpria "requisitos mínimos" para a aplicação emergencial das doses no Brasil. Já na quinta, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu 72 horas para que a agência confirme o recebimento do pedido, o estágio de análise do requerimento e eventuais pendências para a aprovação do imunizante.
Em nota divulgada após a reunião, a Anvisa afirmou que o laboratório disse estar interessado "em cumprir todas as etapas regulatórias exigidas pela Anvisa para avançar com os estudos clínicos no Brasil". Não foram, porém, apresentados documentos novos para a autorização da pesquisa no país nem submetido pedido de uso emergencial.
De acordo com a agência, uma nova reunião de caráter técnico deve ser realizada para avançar no processo da vacina. A data do encontro não foi divulgada.
A Sputnik V começou a ser aplicada na população russa no final de novembro do ano passado. Segundo seus desenvolvedores, ela teria 92% de eficiência contra a covid-19. No entanto, os estudos sobre o imunizante não foram ainda revisados por especialistas de outros países.