Um dos cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Alex Machado Campos, falou em entrevista ao Gaúcha Atualidade, nesta quinta-feira (21), que a agência se reunirá com os representantes da Sputnik V — vacina desenvolvida na Rússia que será fabricada no Brasil pelo laboratório União Química — para esclarecer dúvidas e orientação sobre os documentos do imunizante e um novo pedido de uso emergencial.
No último sábado, a Anvisa rejeitou um pedido de análise para a liberação do uso emergencial da Sputnik V. Segundo a agência, o pedido não cumpria com requisitos mínimos para a aplicação emergencial das doses, como a vacina ter estudos de fase 3 em andamento no Brasil.
— Os dados destes estudos são requisitos fundamentais para analisar a eficácia. Eram muito embrionário os documentos. O clima da agência é de compreensão sobre o clima de urgência que o país vive. Agora, a gente tem um limite. E o limite esbarra na missão da agência: proteger a saúde da população — enfatiza.
— Todos lembram que tanto o Butantan quanto a Fiocruz deram entrada a uma série de documentos que ainda pendiam de apresentação, e a Anvisa avançou mesmo assim. Não seria diferente com a Sputnik. O que acontece é que não havia documentos básicos. A gente devolveu no mesmo dia — completa Campos.
A União Química e o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF) haviam anunciado na sexta-feira (15) que tinham protocolado o pedido de uso emergencial para uso de 10 milhões de doses da Sputnik V no Brasil, quantitativo que poderia ser disponibilizado ainda no primeiro trimestre, segundo nota conjunta divulgada.
Resposta para novo pedido de uso emergencial da CoronaVac sai na sexta-feira
Sobre os documentos pendentes e a solicitação de uso emergencial de mais um lote da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, a Coronavac, Campos confirmou que o resultado da análise do órgão deve sair na próxima sexta-feira (22).
— Uma parte robusta (de avaliação) já foi realizada, de segurança e eficácia. Agora, (a análise) leva em conta os aspectos específicos. Só para lembrar, naquele momento (de aval do primeiro lote) avaliamos produtos que vieram da China. Agora, o que está em análise, trata-se de produto envasado no Butantan. (...) Não pode haver contaminação em nenhuma hipótese. É um trabalho muito fino. Mas a gente já ultrapassou cenários muito mais difíceis.— avaliou o diretor da Anvisa.
São 4,8 milhões de doses produzidas em território brasileiro pelo Butantan. No último domingo (17), a Anvisa deu sinal verde para o uso de seis milhões produzidas na China, que estão sendo distribuídas aos Estados e municípios.
Além dessas, a diretoria colegiada da agência aprovou o uso de mais dois milhões de doses do imunizante AstraZeneca/Oxford que estão sendo fabricadas na Índia, mas que não têm data para chegar ao Brasil.
Vacinação no Brasil
Com o número bastante reduzido de doses disponíveis no Brasil neste primeiro momento da fase 1 do Plano Nacional de Imunização (6 milhões em todo o país, 340 mil no RS), a prioridade para receber as doses é dos profissionais da saúde que atuam no atendimento de pacientes com coronavírus, idosos que vivem em lares de longa permanência ou acima dos 75 anos e indígenas. Ainda não há vacinação aberta em postos de saúde para demais pessoas previstas nos grupos prioritários.