Os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, da Agricultura, Tereza Cristina, e das Comunicações, Fábio Faria, reuniram-se na quarta-feira (20), por meio de videoconferência, com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para discutir o atraso no envio de insumos farmacêuticos para a produção de vacinas contra a covid-19. O representante diplomático também esteve em contato com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O ingrediente farmacêutico ativo (IFA), usado para a produção do imunizante da AstraZeneca/Oxford, é fornecido pela China e, no momento, está retido em uma empresa do país asiático. Sem o produto, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que fabricará as vacinas no Brasil, teve que adiar para março a entrega das primeiras doses, que estavam previstas para o mês que vem.
O problema também vem sendo enfrentado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, que produz a vacina CoronaVac e também depende da importação do IFA da China.
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação, vinculada ao Ministério das Comunicações, informou que o governo brasileiro vem mantendo negociações com o governo chinês para solucionar o impasse.
"O governo federal vem tratando com seriedade todas as questões referentes ao fornecimento de insumos farmacêuticos para produção de vacinas (IFA). O Ministério das Relações Exteriores, por meio da embaixada do Brasil em Pequim, tem mantido negociações com o Governo da China. Outros ministros do governo federal têm conversado com o embaixador Yang Wanming. No dia de hoje, foi realizada com o embaixador, uma conferência telefônica com participação dos ministros da Saúde, da Agricultura e das Comunicações. Ressalta-se que o Governo Federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês".
A Embaixada da China no Brasil também comentou, em postagem nas redes sociais, a reunião do embaixador com os ministros brasileiros. "Conversaram sobre a cooperação antiepidêmica e de vacinas entre os dois países. A China continuará unida ao Brasil no combate à pandemia para superar em conjunto os desafios colocados pela pandemia".
Segundo a embaixada, o embaixador Wanming também conversou com o presidente da Câmara na quarta-feira. A conversa com Maia ocorreu por telefone e, segundo o brasileiro, houve compromisso do representante da China para acelerar os trâmites para a importação das matérias-primas.
Nesta semana, um ofício foi encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro, assinado por 15 governadores, pedindo que o governo brasileiro estabeleça "diálogo diplomático" com a China e com a Índia para que sejam liberados os insumos para produção interna de vacina contra o coronavírus e enviados imunizantes fabricados em território indiano já comprados pela União. O apelo é liderado pelo governador do Piauí, Wellington Dias, que coordena, no Fórum de Governadores, a temática de vacina.
Contato com Xi Jinping
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o presidente Jair Bolsonaro pediu uma chamada telefônica com o presidente da China, Xi Jinping, para fazer um apelo pela liberação de insumos farmacêuticos para a produção de vacinas. Conforme a publicação, o Itamaraty foi orientado para que fizesse os trâmites em busca do diálogo com Pequim.