O prefeito Sebastião Melo afirmou que não fará campanha pelo uso da hidroxicloroquina na rede de saúde de Porto Alegre. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (21), Melo disse ainda que, se a União não mandar o medicamento solicitado, o município não o comprará.
— É uma matéria dividida. Se tiver remédio, vem. Eu não vou comprar (hidroxicloroquina). Se não tiver, não vem. O prefeito não indica remédio. Não haverá campanha para que seja indicado. Se o governo federal não mandar, eu não vou comprar — disse.
Após afirmar publicamente que a prefeitura disponibilizaria "tratamento precoce" para a covid-19, o prefeito e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) solicitaram ao governo federal 25 mil doses de hidroxicloroquina.
O pedido está tramitando no Ministério da Saúde, e a carga do medicamento deverá chegar à capital gaúcha no final de janeiro. Não haverá custos ao município, já que a União dispõe de excedente do produto.
Ao ser questionado sobre o fato de que drogas como a hidroxicloroquina jamais tiveram a eficácia comprovada para o tratamento da covid- 19, Melo declarou:
— A classe média brasileira, média-alta, vem fazendo tratamento precoce. Eu conheço dezenas de amigos meus (que fazem). Então, a minha decisão foi singela. Se vier a medicação, ela será colocada na rede. Se houver uma decisão entre médico e paciente, ele será entregue. O prefeito não indica e nem desindica.
"Tratamento precoce" na Capital
Como afirma o prefeito, a prefeitura não vai pagar pela hidroxicloroquina, mas vai comprar outros remédios que formam o kit de tratamento precoce, com gasto de R$ 239,5 mil.
Os três compostos que serão colocados à disposição no kit são azitromicina, ivermectina e vitamina A + D. No caso dos dois primeiros, o município fez pedidos de compras a partir de pregões de registros de preços que existiam desde 2020, ainda durante o governo de Nelson Marchezan (PSDB).
A Saúde diz que são solicitações para "uso geral" e corriqueiro da população e que, agora, também serão estendidas para o suposto tratamento precoce da covid-19, apesar de não haver comprovação científica.
A prefeitura pediu 60 mil doses da azitromicina para janeiro e mais 52 mil para fevereiro, ao custo unitário de R$ 1,96 e total de R$ 219,5 mil. A ivermectina, que teve registro de preço homologado em 29 de dezembro de 2020, foi alvo de um pedido do município para 25 mil unidades. O custo unitário é de R$ 0,80 e o total soma R$ 20 mil.
Já a vitamina A + D, neste momento, consta em estoque em quantidade considerada suficiente, o que tornou desnecessário fazer novos pedidos, na avaliação da SMS. Se acréscimos forem necessários, há um registro de preço ativo até 2 de abril de 2021 para o fornecimento desse composto.
A SMS diz que os medicamentos deverão estar todos disponíveis para o tratamento precoce até o final de janeiro nas farmácias distritais municipais e nos postos de saúde. A retirada se dará com a apresentação do receituário médico.
O paciente ainda terá de assinar o termo de consentimento, documento em que o enfermo assume os riscos e diz estar ciente de que não há garantia de resultados positivos e que pode haver efeitos colaterais.