Fiquei bastante preocupada com a hipótese levantada pelo ministro da Saúde de fornecer apenas uma dose da vacina de Oxford à população, e não duas. A ideia é vacinar mais gente. Segundo Eduardo Pazuello, o foco poderá ficar na redução da contaminação, e não na imunidade completa. Pra mim parece capenga, bem do jeitinho brasileiro. Mas, leiga que sou, procurei entender melhor para poder escrever aqui.
Já contei pra vocês que no dia em que virei de fato voluntária e recebi as primeiras informações também assinei um termo de consentimento, com 20 páginas. Busquei aqui o que diz exatamente sobre a segunda dose:
Dose de reforço
Convidaremos todos os participantes do estudo a receberem uma dose de reforço da vacina pelo menos 28 dias após a primeira dose (a vacina de reforço pode ser administrada até 12 semanas após a primeira vacina).
O texto segue, mas esse era o ponto que eu queria. O estudo é feito com essa premissa. Claro que o voluntário pode desistir a qualquer momento, mas a pesquisa completa conta com duas doses, mais o acompanhamento nos meses subsequentes. Tomei a segunda 39 dias após aquela primeira ida ao hospital de Clínicas, em Porto Alegre. O limite é em 90 dias, as 12 semanas descritas acima. O que imagino que o governo brasileiro esteja pensando (ou quero acreditar) é que terá tempo para comprar mais vacinas se aproveitar esse prazo máximo, e não os 28 dias mínimos de intervalo.
Conversei com o pesquisador principal desse estudo aqui na Capital para tirar algumas dúvidas a respeito. No Reino Unido, segundo ele, o registro foi pensando em aplicar a segunda dose nesse prazo mais longo, também ganhando tempo. O médico Eduardo Sprinz teve todo o cuidado ao falar do tema, já que os estudos publicados ainda são preliminares. Isso quer dizer que algumas questões ainda não foram completamente esclarecidas. Há, inclusive, um pequeno grupo de voluntários que está sendo acompanhado e que tomou apenas uma dose. Hoje, as afirmações são todas a respeito de duas doses para eficácia, mas tudo com base, repito, nas informações preliminares, como me explicou o médico.
A ciência está trabalhando para buscar essas respostas. Só quem pode dizer se é possível adotar o plano de aplicação de dose única são os pesquisadores. Espero que o Brasil siga a recomendação deles.