A prefeitura de Pelotas confirmou nesta sexta-feira (11) que vai recorrer da classificação na bandeira preta do mapa preliminar do sistema do distanciamento controlado. A definição de risco altíssimo de contaminação pelo coronavírus preocupa ainda mais o comércio local, que já não está aberto por conta do decreto municipal da última quarta-feira.
Conforme a prefeitura, é possível apresentar o recurso por conta de duas medidas. A primeira envolve o decreto que já está em vigor e proíbe o funcionamento de serviços não essenciais. Já o segundo argumento que será utilizado pelo município é a abertura de dez novos leitos no hospital Santa Casa de Pelotas que deve ocorrer na próxima semana.
A prefeita da cidade, Paula Mascarenhas, afirma ainda que na próxima terça-feira (15) irá avaliar, já com a confirmação do mapa definitivo, se mantém as restrições impostas.
— O decreto atual vale até a terça-feira. Neste mesmo dia, vamos fazer uma nova avaliação, olhar os números e, já com o resultado do recurso, iremos decidir o que fazer. Esperamos que as medidas já aplicadas ajudem a diminuir os números da doença — afirmou a prefeita.
A classificação em bandeira preta foi recebida com surpresa pelo Sindicato dos Lojistas de Pelotas. O presidente do Sindilojas, Renzo Antonioli, ressaltou que a determinação pelo fechamento ocorreu antes da hora. No entanto, ele acredita que a prefeitura conseguirá o recurso junto ao governo do Estado.
— É uma preocupação muito grande e uma tensão terrível. Já vamos ficar mais quatro dias fechados em pleno Natal e, se o recurso não for aceito, será muito difícil ocorrer a reabertura do comércio —afirmou o presidente Antonioli.
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SHRBS) de Pelotas, Eduardo Hallal avalia que as restrições impostas pelo Estado no modelo de distanciamento controlado são "bastante severas":
— O segmento de hospedagem e alimentação sem dúvida foi o mais atingido pela pandemia, e um dos que tem a sua retomada a normalidade mais demorada. Os hotéis vem sofrendo enormes prejuízos em suas operações, assim como o setor de bares e restaurantes, que cumprem, desde o início, rigorosamente todos os protocolos estabelecidos e foram injustamente responsabilizados como responsáveis pelo aumento dos casos de covid.
Segundo Hallal, caso se confirme a vigência da bandeira preta, mais demissões devem ocorrer no município.
— Em caso de confirmação da bandeira preta a partir de terça-feira, a situação da maioria dos estabelecimentos ficará praticamente insustentável. Bares e restaurantes enfrentarão dificuldades ainda maiores das que vem enfrentado e com certeza mais demissões de colaboradores serão inevitáveis. Da mesma forma os hotéis, que começavam a dar sinais uma discreta melhora nas suas ocupações, também inevitavelmente voltarão a reduzir postos de trabalho.
Os recursos devem ser analisados neste final de semana e a decisão definitiva sobre o status da região sairá na segunda-feira (14).
Protesto na cidade
Horas antes da divulgação do mapa preliminar e mesmo com os decretos estaduais e municipais que não permitem aglomerações, um ato foi realizado no centro de Pelotas. Em frente à prefeitura, um grupo de pessoas protestou por conta do fechamento do comércio. A manifestação não foi apoiada pelo Sindilojas.
O dono das lojas Havan, Luciano Hang, esteve presente na manifestação. Na saída da cidade, já no aeroporto, ele foi multado pela Guarda Municipal.
A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, criticou a postura do empresário e classificou a manifestação como um "ato criminoso" pelo risco de aumentar ainda mais a disseminação da covid-19 no município.