Pela primeira vez desde que o modelo de Distanciamento Controlado foi implementado, em maio, o Estado registra regiões em bandeira preta, de risco epidemiológico altíssimo para o contágio por coronavírus. Conforme o Executivo estadual, a constante redução de leitos de UTI livres e o aumento de casos de contágio e de internação por covid-19 resultaram na classificação de risco máxima do sistema.
Foram classificadas na cor preta as regiões de Bagé e Pelotas. Das outras 19 regiões, apenas Cruz Alta recebeu classificação final de bandeira laranja, de risco médio. As outras 18 estão na bandeira vermelha, de risco alto.
O mapa preliminar foi divulgado pelo governo do Estado nesta sexta-feira (11). O mapa definitivo, após os recursos apresentados pelas prefeituras, será divulgado na segunda-feira (14), e valerá a partir da terça-feira (15).
A bandeira preta é a restrição máxima prevista pelo modelo de distanciamento controlado, e significa que tanto a capacidade hospitalar como o contágio por coronavírus alcançaram níveis críticos na região.
Cogestão segue suspensa
Recentemente, diante do avanço da covid no Estado, o governo gaúcho ampliou restrições e suspendeu temporariamente o sistema de cogestão — mecanismo que permite que as regiões decidam por conta própria adotar restrições mais leves do que as determinadas pelo Palácio Piratini —, com adoção de fato das bandeira em vigentes.
A suspensão vale até a próxima segunda, quando será anunciado o mapa definitivo para a próxima semana, quando o governo pode também divulgar novas medidas.
Estão em bandeira vermelha as regiões de Porto Alegre, Guaíba, Cachoeira do Sul, Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Erechim, Ijuí, Lajeado, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões. Passo Fundo, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, Santo Ângelo, Taquara e Uruguaiana.
Até as 6h de domingo (13), municípios e associações que não concordarem com a classificação preliminar podem enviar pedidos de reconsideração para o governo estadual.
"Momento é de extremo alerta", diz Piratini
Em material divulgado pelo Piratini, o governo afirma que o momento é de "extremo alerta", já que o Rio Grande do Sul observou aumento em quase todos os indicadores monitorados pela equipe do distanciamento controlado. Houve elevação, nos últimos sete dias, de 14% nas hospitalizações por covid-19 (de 1.174 para 1.338 casos), que alcançou o maior número desde o início do monitoramento.
Em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, a secretária de saúde do Estado Arita Bergmann comentou que é hora de diminuir ao máximo as aglomerações, e isso inclui as festas de fim de ano.
— Se todos cumprissem 100% dos protocolos, a situação seria outra. Os municípios também têm responsabilidade e podem restringir mais do que as regras gerais dos protocolos do Estado. Podem fazer com que a população evite aglomerações. Isso é indispensável para que seja feita uma virada de chave. Estamos recomendando que não se façam eventos de virada de ano, e que as festas natalinas se restrinjam. Que o encontro de família seja apenas com aquelas pessoas da convivência diária. Não façam ajuntamento. Se quiserem celebrar com saúde o Natal de 2021, tem que fazer mais esse esforço, mais esse sacrifício, para uma virada de ano com boas notícias — disse a secretária.
Também é o número mais elevado de pacientes em UTI, em leitos clínicos e de óbitos. As mortes cresceram 15% nesta semana, chegando a 409 registros. Como resultado, há o menor número de leitos livres (407) no Estado, bem como a menor razão de leitos livres para cada ocupado (0,44), que baixou de 0,5 também pela primeira vez.
Por isso, o governo do Estado reforçou a necessidade de a população seguir os protocolos e as regras sanitárias estabelecidas pelo modelo.
O presidente da Famurs, Maneco Hassen, lamentou a necessidade de bandeira preta, mas disse que o momento é de paciência
— Infelizmente, os números estão subindo muito rápido. É preciso que cada um de nós retome os cuidados que tínhamos no início da pandemia. É fundamental frearmos essa subida, para que todo o estado não fique preto e medidas mais graves tenham que ser adotadas. É hora de paciência, solidariedade e responsabilidade, até que a vacina chegue.