A prefeitura de Pelotas decidiu, nesta semana, fechar as atividades não essenciais na cidade entre as 19h de quinta-feira (10) e as 6h da próxima terça-feira (15). De acordo com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), o objetivo é diminuir a velocidade do contágio e da ocupação de leitos por coronavírus nas UTIs da cidade da região sul.
— Estamos enfrentando um momento especialmente crítico, com uma intensificação do contágio, do número de infectados. Temos tido em média 300 novos casos por dia. Estamos com dificuldade com leitos, quase 100% dos leitos de UTI ocupados, e as portas de entrada, como as UPAs, também estão ocupadas. Estamos perto de um colapso. Precisamos tomar uma atitude para atenuar esse ritmo de contágio. Estamos com poucas opções. Já tivemos de encaminhar pacientes para outros municípios — afirmou a prefeita em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha.
Segundo o último boletim divulgado pela prefeitura de Pelotas nesta terça-feira (8), a cidade registrou em 24 horas 337 novos casos de coronavírus e 87 pacientes internados, sendo 22 deles em UTIs. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a ocupação total de leitos de UTI no município é de 93,3%. A cidade tem, ao todo, 197 mortes por covid-19.
Paula Mascarenhas lamenta o fato de o município ter de tomar a atitude em dezembro, um momento em que as lojas esperam o faturamento com as compras de Natal.
— Não queríamos restringir tanto em um mês tão importante para a economia. Mas chegamos em um ponto em que não dá mais para esperar. Não estamos conseguindo formar novas equipes (de saúde). Se não temos equipes, não temos leitos e não temos a vacina, precisamos deixar as pessoas em casa — afirma.
A nova determinação prevê o funcionamento, durante quatro dias, apenas de atividades consideradas essenciais como comércios com venda exclusiva de alimentos, serviços de saúde, farmácias, forças de segurança, entre outros. Os supermercados fecham no domingo (13). O decreto que vai detalhar as restrições será publicado na quarta (9).
Renzo Antonioli, presidente do Sindilojas, entidade que representa o comércio de Pelotas, manifestou surpresa com a medida, pois afirma que a prefeitura construiu o texto de forma "unilateral". Segundo ele, "o pré-decreto tem uma redação estranha ou equivocada"
— Até hoje, ela (prefeita Paula Mascarenhas) tinha um canal direto com as entidades de classe e construíamos juntos as prevenções com responsabilidade de todos os segmentos. Até onde sabemos, nenhuma entidade foi consultada (para o novo decreto). Estamos curiosos para saber a quem ela atendeu nessa decisão — disse Antonioli, acrescentando que a cidade está em posição econômica "inferior" para o tamanho da população. — Sempre é mais simples pôr a conta nas costas dos outros do que assumirmos nossa responsabilidades — criticou.
Ele também ressaltou que a entidade só se manifestará de forma oficial depois que o decreto for publicado.