O secretário especial da Cultura, Mario Frias, foi notícia na tarde desta sexta-feira (11) após dar entrada em um hospital com "princípio de infarto", informou o Palácio do Planalto. Apesar de o termo ser popular, não é tecnicamente correto, uma vez que o paciente só pode ter ou não um infarto — que é o bloqueio de fluxo sanguíneo para o coração.
Cardiologista do Hospital Divina Providência, Cristian Sloczinski explica que o termo leigo acaba sendo utilizado para diagnósticos que poderiam evoluir para um infarto, como uma angina instável, o que pode ser o caso do secretário:
— (Angina instável) tem um risco um parecido com o do infarto, porque, na verdade, se a gente não faz nada, vira um infarto daqui a pouco. Mas como o paciente se apresentou um pouco mais cedo, não chegou a ter um infarto, mas ele teve a angina instável, ou seja, a dor característica de angina, do coração.
Sloczinski ressalta que o entupimento das coronárias do coração, que pode evoluir para um infarto, é um processo lento que demora a provocar sintomas. Normalmente, nenhuma mudança clínica é percebida até que o paciente esteja em um estágio crítico, em que o fluxo de sangue para o coração já está comprometido.
— Ao longo da vida o paciente vai tendo entupimento da coronária, causado pelos fatores de risco (idade, hipertensão, diabetes, colesterol). Ele não tem sintoma nenhum, até que chega um ponto crítico, que geralmente é em 70% da coronária, que começa a ter sintoma. Qual sintoma é esse? Dor no peito — explica o cardiologista.
As dores começam normalmente durante atividades físicas, mas logo passam a aparecer mesmo quando os pacientes estão em repouso. É neste momento que a maioria das pessoas busca assistência médica. É possível verificar se o paciente teve um infarto ou apenas uma angina instável a partir de uma série de exames de sangue, que devem demonstrar uma elevação e descida características das troponina, liberadas quando há lesão no músculo cardíaco, indicativo de um infarto.
Tanto em caso de infarto quanto de angina instável, os pacientes são internados e normalmente passam por cateterismo cardíaco. O procedimento busca encontrar as artérias entupidas e restaurar o fluxo sanguíneo no coração.