Diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre, Julio Matos fez um apelo na noite desta terça-feira (29) em relação a curva crescente de casos de coronavírus na cidade e no Estado durante as festas de final de ano.
— Estamos muito preocupados com o contexto atual de ocupações dos leitos de UTI, tanto na Santa Casa quanto na cidade e no Estado como um todo. O nosso nível de preocupação transcendeu toda a condição assistencial que a gente tem a oferecer — disse ele em entrevista a Rádio Gaúcha.
Conforme o diretor-geral, no auge da pandemia entre julho e agosto, a Santa Casa contava com 100 leitos no total. Passado esse período, os hospitais passaram a retomar o atendimento a pessoas com outros problemas de saúde, o que fez com que o número de leitos para covid fossem reduzidos, já que os números da doença passaram a estabilizar, explica Matos.
Desde o início de dezembro, a Santa Casa e demais hospitais da cidade passaram a reabrir leitos para atender infectados. Atualmente, a instituição tem 68 leitos, 67 deles ocupados.
— Essa é a realidade de praticamente todos os hospitais de Porto Alegre. na Santa Casa, não temos mais condição de expandir essa capacidade, isso não é possível. Então o que estamos fazendo agora é uma conscientização da população em geral, de que é a situação é muito grave.
O diretor-geral relata que a grande preocupação de profissionais da saúde é com os efeitos das aglomerações que ocorreram no Natal e das que estão previstas para o Ano-Novo.
— A população precisa se conscientizar, efetivamente, que todas as celebrações devem ser feitas exclusivamente em família, sem aglomeração social de qualquer natureza. E lembrando que mesmo em família é preciso se preservar com o uso de máscara. Todo o cuidado é pouco para que a gente consiga reverter esta curva crescente e tremendamente perigosa nos próximos dias.
O diretor-geral destacou ainda que "não há falta de esforço" por parte da gestão municipal e do Estado, e que o cuidado deve partir da população.
— Nós entendemos que a economia não pode sofrer novamente os colapsos que sofreu, de fechar comércio, indústrias, sabemos que não podemos voltar para trás. Por isso, precisamos que os cidadãos gaúchos assumam as suas partes. Falta pouco tempo, agora que temos uma saída. É uma questão de responsabilidade plena no convívio coletivo, essa é a busca que estamos rogando a sociedade. É um esforço final.
Profissionais de saúde estão em exaustão, diz diretor-geral
Matos destacou que outra grande preocupação é em relação aos profissionais da saúde:
— São profissionais que estão em exaustão, há nove meses nesse trabalho. Não é só o processo assistencial aos pacientes, que já é muito pesado, mas há o risco de contaminação dos próprios agentes da saúde, que traz uma carga emocional absolutamente administrável no longo prazo. Eles atuam com horários estendidos, em um regime de revezamento que não se tem como alargar mais. E há, ainda, a falta de profissionais no mercado.