O Reino Unido já começou a vacinar parte da população na última terça-feira (8) com doses da Pfizer/BioNTech. O Canadá aprovou nesta quarta-feira (9) o uso emergencial do mesmo imunizante e deve começar a vacinação nos próximos dias. Já um painel com especialistas independentes organizado pela agência reguladora dos Estados Unidos discute ao longo desta quinta-feira (10) quando a vacina da Pfizer deve ser aprovada no país.
Os russos também passaram a vacinar as pessoas no último sábado (5). A diferença é que este processo de imunização em massa é realizado mesmo sem a conclusão dos testes da vacina Sputnik V.
Mas como está o Brasil nesta corrida pela aquisição de doses? Nesta quarta, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a dizer que, se houver autorização de uso emergencial para Pfizer e ela conseguir entregar as doses, estas poderiam ser aplicadas já em dezembro. Mas o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse que a empresa será capaz de entregar, no primeiro trimestre de 2021, uma quantidade de vacinas contra covid-19 suficiente para imunizar somente 2 milhões de brasileiros — o equivalente a 4 milhões de doses, já que o produto é administrado em duas doses.
Além desta corrida pela da Pfizer, o Brasil também tem acordo com da AstraZeneca/Oxford e por meio de convênio com a Covax, projeto da Organização Mundial da Saúde (OMS) para vacinar países em desenvolvimento. Por fora, governadores correm para também garantir doses.
Veja o status de negociação do Brasil com laboratórios
Outros detalhes das negociações
O acordo somente com a AstraZeneca, da vacina de Oxford, com 260 milhões de doses, permitiria a vacinação de 130 milhões de pessoas ou um pouco mais da metade da população – o país tem mais de 211 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE).
Mas o contrato também prevê ainda a transferência de tecnologia para o Brasil produzir, no Instituto Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 15 milhões de doses mensais. Essa quantidade seria suficiente para vacinar 7,5 milhões de brasileiros por mês. Contudo, o estudo deve atrasar porque algumas análises precisam ser refeitas, após falhas metodológicas – divulgados recentemente, os dados evidenciam que a eficácia do produto é de 70,4%.
O governo de Jair Bolsonaro firmou também um convênio com a Covax, projeto da Organização Mundial da Saúde (OMS) para vacinar países em desenvolvimento, que deve trazer 42,5 milhões de doses. O governo poderia ter escolhido receber o suficiente para vacinar 20% da população, mas optou por adquirir para 10%, segundo o UOL.
Parcerias independentes
De forma independente da União, o governador João Doria vem desenvolvendo com o Instituto Butantan, em São Paulo, a vacina CoronaVac em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Nesta segunda-feira, o governo paulista anunciou que a vacinação contra a covid-19 começará no dia 25 de janeiro. Serão 18 milhões de doses nessa primeira fase, que será voltada para idosos, profissionais de saúde, indígenas e quilombolas.
Além disso, foi dito que, na semana que vem, o governo pedirá o registro do imunizante à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na última quinta-feira (3), foi anunciado que os resultados da fase 3 dos testes da Coronavac serão apresentados nas próximas semanas.
Apesar de Doria ter dado dia de início da vacinação, Bolsonaro chegou a afirmar que não a incorporaria ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas voltou atrás. Na já citada entrevista ao canal CNN, Pazuello disse que, se a Coronavac receber o aval da agência reguladora, ela será usada no plano de imunização.
O G1 divulgou, na manhã desta quinta-feira (10), uma carta em que um grupo de cientistas encarregado de auxiliar o ministério na elaboração do plano de imunização escreveu. No documento, eles pedem que o governo inclua o Instituto Butantan nas suas negociações imediatamente. Os estudiosos destacam pontuam a necessidade de um grande volume de doses para contemplar a população brasileira e alertam para a dificuldade logística da imunização da Pfizer que exige temperatura de armazenamento de -70°C.
No Paraná, o governo local assinou contrato com a Rússia para desenvolvimento da vacina Sputnik V, mas as perspectivas de vacinação não são muito prósperas. A parceria entre as duas pontas foi firmada em agosto. O pedido de testes com a Sputnik V no Brasil deveria ter sido submetido na Anvisa em setembro, para que começassem em outubro, mas não aconteceu ainda.
Entretanto, além destes imunizantes, outros também estão na corrida. De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no dia 8 de dezembro, 214 estudos estão em andamento. Sendo que, 52, estão na fase de testes em humanos, tecnicamente chamada de análise clínica. Entre essas pesquisas, 13 estão na última fase do estudo, aplicando testes em grupos de centenas ou milhares de pessoas para comprovar se a substância é eficiente e segura.