O governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira (10) o início da produção nacional da vacina CoronaVac, desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac.
— É um momento histórico — afirmou.
De acordo com ele, o instituto começou a produzir o imunizante na noite desta quarta-feira e contratou 120 técnicos para auxiliar na produção da vacina, que será feita "24 horas por dia e sete dias por semana", aumentando sua capacidade de produção para 1,5 milhão de doses por dia.
Doria também informou que os Executivos de 12 Estados, entre eles São Paulo, e de 912 municípios já formalizaram seu interesse em adquirir doses da vacina.
— Por que iniciar a vacinação em março, como foi anunciado pelo Ministério da Saúde, se podemos iniciar em janeiro, de forma segura e eficiente? — questionou o governador paulista, fazendo referência ao calendário de imunização apresentado pelo Ministério da Saúde na semana anterior.
Na segunda-feira, ele já havia afirmado que o Estado pretendia começar o plano de imunização em 25 de janeiro. Horas após o anúncio de Doria na última segunda, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou, em nota, que só libera o uso da vacina após a análise de documentos, como os de dados de "fase 3" da pesquisa.
— Nenhuma das quatro vacinas em desenvolvimento no Brasil apresentou protocolo de registro. Portanto nenhuma das quatro tem aval para uso amplo neste momento — disse o presidente Antônio Barra Torres, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Após passar pela Anvisa, a vacina ainda precisa receber um preço, o que é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A análise desse órgão leva até 90 dias, em casos normais, mas a expectativa é de encurtar a análise para as vacinas contra a covid-19.
Na terça-feira, João Doria e o ministro da Saúde Eduardo Pazuello se desentenderam durante uma reunião, após o governador cobrar uma posição da pasta em relação à compra da Coronavac. Em paralelo, especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que é possível distribuir a vacina, desde que ela seja aprovada por pelo menos uma de quatro agências reguladoras internacionais, graças a uma lei federal aprovada no início da pandemia.
Em novembro, um estudo divulgado na revista Lancet Infectious Diseases já havia atestado que a CoronaVac produziu anticorpos em 97% dos voluntários, 28 dias após a sua aplicação. No Brasil, a vacina é testada em 13 mil voluntários espalhados por 16 centros de pesquisa de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.