O aumento de casos de coqueluche causa preocupação entre os médicos e motivou um alerta da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. Em 2024, o Estado teve cerca de 620% casos a mais do que no ano passado, e um número recorde em 10 anos. Veja detalhes abaixo.
Após uma queda em 2023, o Estado já registrou 363 notificações, das quais 166 infecções foram confirmadas pela coqueluche neste ano, conforme mostram dados do Ministério da Saúde. É o maior número desde 2014, quando 260 casos foram confirmados no RS.
No Brasil, o aumento da coqueluche também causa preocupação, e ao menos 12 mortes foram confirmadas.
A doença é transmitida por uma bactéria e é altamente contagiosa. O principal sintoma é a tosse seca, que dura de seis a 10 semanas e pode se estender por mais tempo.
As crises vêm acompanhadas de mal estar e até falta de ar. A doença não atinge só crianças: adultos e idosos também podem ter coqueluche.
Casos de coqueluche no RS
- 2022: 39 casos
- 2023: 32 casos
- 2024: 166 casos
Fonte: Ministério da Saúde
Vacinação
A doença é combatida com vacinação. No RS, a média da imunização contra a coqueluche é de 88%, segundo dados do Ministério da Saúde. A meta é chegar a 95% do público-alvo — além das crianças, gestantes e profissionais da saúde que atuem no atendimento a grávidas e recém-nascidos devem tomar a vacina.
Para as crianças, o calendário vacinal de rotina contempla a aplicação de três doses com a vacina pentavalente (com 2, 4 e 6 meses de idade) e dois reforços, aos 15 meses e aos quatro anos, com a tríplice bacteriana, que pode ser aplicada até sete anos.
— Observamos um aumento expressivo nas doenças evitáveis, com um crescimento superior a 900% em várias regiões do mundo e, agora, também no Brasil — observa o infectologista pediátrico da Sociedade de Pediatria do RS, Marcelo Scotta.
A principal razão para esse cenário é a baixa cobertura vacinal, especialmente entre crianças e gestantes. É essencial lembrar que as gestantes têm direito à vacina contra tétano, difteria e coqueluche, disponível gratuitamente no SUS como parte do Programa Nacional de Imunizações.
— A vacinação continua sendo a medida mais eficaz para controlar esse risco — completa o médico.
Importância da notificação dos casos suspeitos
A Sociedade de Pediatria reforça aos médicos a importância de notificar todos os casos suspeitos de coqueluche.
— É crucial que, durante o atendimento, o profissional de saúde realize a notificação imediata à Vigilância em Saúde pelos telefones 3289-2471 ou 3289-2472. Além disso, o tratamento deve ser estendido a todos os contactantes do paciente, como forma de prevenção — ressalta o diretor da SPRS, Benjamin Roitman.
O médico acrescenta que o exame padrão para o diagnóstico da coqueluche é o PCR para Bordetella, obtido por swab de orofaringe. Contudo, este teste não é amplamente acessível, sendo oferecido apenas em alguns locais pelo SUS e não coberto pela maioria dos convênios. Portanto, na presença de tosse prolongada por mais de 10 dias, é importante que os médicos considerem a possibilidade de coqueluche e iniciem o tratamento adequado quanto antes.