Testes da vacina da Universidade de Oxford, realizada pelo laboratório AstraZeneca, foram suspensos após a suspeita de que um paciente teria tido reação grave à imunização no Reino Unido. As informações são do site StatNews, especializado em Medicina. Não há detalhes do efeito colateral que foi registrado.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que o laboratório já comunicou os países envolvidos nos testes e que aguarda mais informações sobre a paralisação. A Anvisa já recebeu a mensagem de suspensão enviada pela AstraZeneca, já que o Brasil é um dos países do mundo que participa do estudo global. "A Agência aguarda o envio de mais informações sobre os motivos da suspensão para analisar os dados e se pronunciar oficialmente", afirmou em nota.
Em nota enviada à rede norte-americana CNN, o laboratório afirmou que "o processo de revisão padrão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança".
"Em grandes testes, doenças acontecem por acaso, mas devem ser revistas. Estamos trabalhando para acelerar a revisão de um único evento para minimizar qualquer impacto potencial no cronograma do teste. Estamos comprometidos com a segurança de nossos participantes e os mais altos padrões de conduta em nossos testes.", diz a nota.
A Universidade de Oxford tem convênios com vários países para testar a possível imunização, entre eles o Brasil, que pagará R$ 1,8 bilhão pelo convênio e pela estrutura.
O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Fernando Spilki, afirmou que a testagem em humanos é a "prova de fogo" de qualquer imunização.
— O teste populacional a prova de fogo de qualquer vacina. Importante agora que sejam detalhados em breve os detalhes da investigação sobre esse caso e que possamos comparar com o que já havia sido reportado de efeitos colaterais brandos nas fases anteriores. De qualquer modo mostra seriedade do estudo. Na primeira fase, já havia alguns efeitos colaterais, como dor de cabeça, em um contingente razoável (de voluntários) — afirmou.
Mais cedo, o ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello mostrou-se otimista com o desenvolvimento da vacina:
— A gente está fazendo os contatos com quem fabrica a vacina e a previsão é que chegue para a gente em janeiro. Janeiro a gente começa a vacinar todo mundo.
Outros países também têm apresentado estudos para a produção de vacinas contra o coronavírus, como Rússia e China, e integrantes do ministério já disseram que podem também negociar caso alguma delas se mostre eficaz contra a covid-19.
A vacina
A imunização de Oxford e da AstraZeneca usa um adenovírus, que é um vírus geneticamente modificado para se tornar fraco. Os pesquisadores inseriram nesse adenovírus uma parte do coronavírus (Sars-Cov-2). O plano é que o corpo humano, com esse vírus injetado, desenvolva uma resposta imune, produzindo anticorpos e células de defesa que impeçam a contaminação pela covid-19.
Em junho de 2020, ela entrou na fase 3 de testes, ou seja, a imunização começou a ser testada em humanos. Na ocasião, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que ela era a mais "promissora", devido aos avanços nos trabalhos.
Em 31 de julho, o governo federal anunciou o convênio com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford para a distribuição desta vacina no Brasil.
Cinco países estão participando dos testes com as doses da vacina nesta terceira fase: Brasil, Reino Unido, Estados Unidos, Quênia e África do Sul.