Um estudo realizado pela Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre aponta que os profissionais que atuam nas emergências de hospitais têm prevalência de mais de 80% de exposição ao coronavírus, com a produção de anticorpos 1,6 vez maior do que na população de Porto Alegre.
Realizado em parceria com o Instituto Cultural Floresta e com a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, o levantamento testou 1.163 trabalhadores de cinco grandes emergências da Capital entre os dias 20 e 24 de julho: 315 profissionais na Santa Casa; 310 no Hospital de Clínicas; 300 no Conceição; 270 no Hospital São Lucas; e 140 no Mãe de Deus. Foram aplicados dois tipos de testes: o IgM, que detecta infecções recentes, e o IgG, para infecções mais antigas.
Para o chefe do Laboratório de Biologia Molecular da Santa Casa e um dos coordenadores da pesquisa, Alessandro Pasqualotto, há poucos estudos sobre a prevalência da covid-19 entre profissionais de saúde.
— Os resultados encontrados mostram que esse grupo, possivelmente, seja o mais exposto à doença na população gaúcha. Além disso, demonstra que os anticorpos acompanharam o tempo de maior exposição. Isso porque, depois, novos testes revelaram que eles desapareceram — destaca.
Pasqualotto se refere à segunda fase do estudo, realizada após três semanas com os mesmos profissionais da saúde, onde foi observada a negativação dos anticorpos em mais de metade dos sujeitos avaliados.
— Isso significa que, passado esse tempo, o corpo não apresentou mais anticorpos, negativando o teste. Isso mostra que, com os mecanismos atuais que temos, é difícil constatar se uma pessoa teve ou não a doença — pontua.