Em meio à pandemia do coronavírus, o Rio Grande do Sul também enfrenta outro problema de saúde: o avanço de casos de dengue em solo gaúcho. De acordo com novo boletim da Secretaria Estadual da Saúde (SES), o Estado bateu o recorde de infectados pelo Aedes aegypti e soma seis mortes em decorrência da doença.
Até 18 de julho, foram 3.503 pessoas contaminadas pelo mosquito – 41 a mais que todo o ano de 2010 que, até então, tinha o maior número de infectados por dengue no Estado.
Uma diferença está nos casos autóctones, que são aqueles contraídos dentro do território gaúcho. Em 2010, o número chegou a 3.339. Até julho deste ano, são 3.223. A previsão dos agentes de saúde é de que esse número seja superado até dezembro, pois com o aumento dos municípios infestados, a tendência é mais pessoas contraírem a doença.
O Rio Grande do Sul conseguiu zerar os casos locais de dengue em 2017 e 2018, quando também foram registrados os menores números de casos confirmados: 18 em cada ano, todos importados. Em 2019, porém, o Estado passou para 1.315 casos confirmados, sendo 1.170 autóctones.
De acordo com a responsável pelo programa das arboviroses na SES, Catia Favreto, a seca que atingiu o Estado pode ter ajudado na proliferação dos mosquitos, mas ainda falta comprovação. Além disso, ocorreu um aumento de casos em todo o Brasil, não sendo diferente no Rio Grande do Sul.
— Também podemos pensar que estamos em meio a uma pandemia e a população acabou relaxando nos cuidados com o mosquito em suas residências — avalia.
A região Noroeste é considerada a de maior índice de infestação pelo Aedes e o motivo seria a questão socioambiental: clima mais favorável ao mosquito e população reduzindo cuidados de evitar água parada.
Catia orienta que, neste momento em que as pessoas estão em casa, o ideal é aproveitar para realizar limpeza de pátios e terrenos, não armazenando água.
— Sempre trabalhamos para que não ocorra óbito por dengue. Nesses locais, além dos cuidados com focos do mosquito, os moradores podem usar repelentes como forma de proteção — salienta.
Do total de casos autóctones, 77% são de moradores dos municípios de Cerro Largo, Constantina, Coronel Bicaco, Santa Maria, Santa Rosa, Santo Ângelo, Santo Cristo, Palmitinho, Três Passos e Venâncio Aires.
Dos seis óbitos, dois foram de moradores de Santo Ângelo, um de Venâncio Aires e três de Santo Cristo. Até então, o Rio Grande do Sul somava três mortes por dengue: uma em 2010 e duas em 2015.