As internações em unidades de terapia intensiva (UTIs) por pacientes com coronavírus se mantêm estáveis em Porto Alegre. Até as 15h desta terça-feira (18), eram 332 pacientes com a doença em tratamento intensivo — mesmo número que na terça-feira passada (11). Na segunda-feira (17), a Capital tinha 333 leitos ocupados.
A média móvel, variável recomendada por especialistas para analisar o andamento da pandemia de forma mais precisa e que compara períodos maiores, apresentou desaceleração no crescimento de ocupação das UTIs. Entre 12 e 18 de agosto, a média de leitos ocupados foi de 337,85 — crescimento de 2,68% se comparado aos sete dias anteriores. Já a comparação entre a semana de 5 a 11 de agosto com a do período anterior, houve crescimento de 5,88%.
A taxa geral de ocupação, que inclui pacientes internados por outras doenças, está em 88,74%. São 717 pessoas internadas para 827 leitos.
Os hospitais Moinhos e Vento, da Restinga e de Pronto Socorro estão com 100% dos leitos ocupados. Referências para tratamento de pacientes com coronavírus, os hospitais de Clínicas e Conceição estão com 93,13% e 97,33% de ocupação, respectivamente. A taxa da Santa Casa é de 82,52%.
Doutor em Epidemiologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Petry diz que os números são um alento, mas ainda merecem atenção.
— Realmente devemos saudar o fato de já termos dois dias de decréscimo nas taxas de ocupação. Se verificarmos uma semana atrás, estamos no mesmo patamar de hoje. Indica que não está havendo mais o crescimento. Esperamos que esses números sigam baixando, porque eles ainda são altos. Diria que não devemos nos acostumar com esses números, porque eles indicam tecnicamente uma sobrecarga do sistema — destaca Petry, que é autor do livro Epidemiologia: ocorrência de doenças e medidas de mortalidade.
O médico destaca que, além do sistema físico, os trabalhadores da saúde também estão sobrecarregados:
— As equipes estão cansadas. Elas estão vivendo essa sobrecarga já há bastante tempo e isso traz um custo físico e emocional bastante alto. Já se verificou adoecimento com mortes nessas equipes de alta complexidade.
O gerente de risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Ricardo Kuchenbecker, diz que os números mostram um cenário de estabilização.
— Isso pode, eventualmente, configurar uma tendência. A gente só tem a preocupação de chamar a atenção que essa estabilidade está muito próxima do teto de leitos oferecidos na cidade de Porto Alegre — alerta.